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OPINIÃO

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Perrone: Saída de Crespo não resolve problemas estruturais do São Paulo

Crespo visitou o CT do São Paulo para se despedir e tirou foto ao lado de Rogério Ceni - 15/10/2021 - Reprodução/@SaoPauloFC
Crespo visitou o CT do São Paulo para se despedir e tirou foto ao lado de Rogério Ceni - 15/10/2021 Imagem: Reprodução/@SaoPauloFC

17/10/2021 10h41

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Ao trocar sua comissão técnica, o São Paulo optou pela solução mais simples, rápida e tradicional para times em crise.

A experiência nos diz que o remédio escolhido pelos dirigentes tricolores tem bom potencial para provocar uma melhora tão rápida quanto superficial. A medida costuma ter prazo de validade curto.
Pode dar certo para distanciar mais a equipe da zona de rebaixamento no Brasileirão? Pode. Mas, se problemas estruturais não forem resolvidos, em alguns meses, a diretoria voltará ao degrau que a fez optar pela saída de Crespo.
Seria ingenuidade acreditar que mudar a comissão técnica resolveria todos os problemas da equipe. Assim como seria um pensamento ingênuo avaliar que a direção do clube não sabe que a doença é mais complexa e exige outras medidas.
Os cartolas sabem que há mais a ser feito. Porém, optaram pela solução que entenderam poder dar o resultado mais rápido, não o mais duradouro.
Na análise dos dirigentes, houve queda na qualidade dos treinamentos dados por Crespo e falhas na preparação física. Entre outros problemas, também foi detectado que os atletas não assimilavam mais as orientações do argentino. Ele não estaria conseguindo transmitir seus pedidos.
Se o diagnóstico da diretoria está correto, será que só o treinador é culpado pelo fato de os jogadores não entenderem mais as orientações de quem os comandou na conquista do Campeonato Paulista?
Acredito que não. A relação entre comandante e comandados depende das duas partes para funcionar. Se você troca o chefe, mas não corrige vícios na rotina de trabalho e dos subordinados, o sucessor tende a encarar as mesmas dificuldades.
Um exemplo é o fato de os empresários de Benítez e Orejuela terem criticado Crespo e acenado com a eventual saída de seus jogadores por serem pouco aproveitados. Logo depois, o técnico foi demitido e seu sucessor, Rogério Ceni, escalou os dois atletas.
Pelo menos publicamente, fica a mensagem para os jogadores que não tem problema seu empresário pressionar o treinador para escalá-lo. Pode até funcionar.
A troca de técnico não resolve casos assim, em que jogadores não são capazes de impedir seus agentes de conturbarem o ambiente. Não será surpresa se algo semelhante voltar a acontecer com outros protagonistas.
O fortalecimento de Crespo poderia ter ajudado o São Paulo a cortar esse mal pela raiz.
Da mesma forma que acontece com a relação entre técnico e jogadores, a preparação física não tem mão única. Depende do empenho dos atletas nos treinos, de seus cuidados com a forma física e ainda de profissionais de diferentes especialidades.
Mas o caminho seguido foi centralizar a culpa no preparador físico, Alejandro Kohan, trazido por Crespo e que perdeu o emprego com ele.
Se existiam outros problemas atrapalhando o condicionamento físico dos jogadores, provavelmente eles vão continuar.
Dá pra entender que os dirigentes tenham tido receio de promover uma reforma profunda em pleno Brasileirão e ver o time cair mais na tabela. Mas, a troca da comissão também não é garantia de que a equipe vai decolar.
A única certeza é de que uma hora essa reestruturação, atingido jogadores e outros profissionais, terá que acontecer. A menos que o São Paulo se contente em seguir com a rotina de trocar de treinador na esperança de resultados rápidos, sem se preocupar com solidez e longevidade.
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