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Perrone: Mimos de Leila a sócios e conselheiros ameaçam futuro do Palmeiras
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A última etapa do projeto de Leila Pereira para se transformar em presidente do Palmeiras foi concluída neste sábado (20) com a manutenção da política de mimar eleitores.
No dia da votação, a candidata única ofereceu transporte gratuito para o eleitor, entre outros mimos, como mostrou o colunista do UOL Danilo Lavieri.
Leila já fez festa no clube distribuindo para sócios brindes como televisores e bicicletas. Isso em início de campanha para se reeleger conselheira. Ou seja, presenteou os eleitores.
Nos últimos anos se tornaram tradicionais os convites feitos por Leila e seu marido, José Roberto Lamacchia, também conselheiro, para membros do conselho viajarem no avião do casal.
Gradualmente, o clube naturalizou uma relação na qual quem quer ser eleito usa seu poder econômico para agradar o eleitor.
O estatuto palmeirense não veta tais práticas claramente, apesar de dizer que "o direito de voto deverá ser exercido sempre em benefício único e exclusivo do clube".
Nessa toada, a comunidade palmeirense escolheu não usar o bom senso e se inspirar na lei que veda a distribuição "de camisetas, chaveiros, bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer outros bens ou materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor" nas eleições municipais, estaduais e federais.
Entre os aliados de Leila há quem diga que sempre foi feita política no clube com candidatos bancando "pizzadas" e que ela só aumentou o sarrafo.
Esse argumento ajuda a criar a sensação de conforto para quem recebe os constrangedores benefícios.
Nesse processo, a maioria dos sócios e conselheiros palmeirenses parece compartilhar uma miragem na qual o Palmeiras só é forte hoje por causa do dinheiro da empresária.
O patrocínio da Crefisa e da FAM, empresas de Leila e seu marido, além do dinheiro emprestado por eles, ajudou muito o clube. Mas, a recuperação do Palmeiras tem mais a ver com a reorganização administrativa iniciada por Paulo Nobre, que também fez empréstimo para a agremiação, e continuada por Mauricio Galiotte.
Só que o poder de sedução provocado por um presente simples, uma viagem em jatinho particular ou contratações milionárias fez grande parte dos sócios e conselheiros desprezarem um princípio básico para toda instituição se manter forte: a ética.
Sem ela, o que foi construído até aqui está ameaçado. Não existe administração moderna baseada em conceitos arcaicos, como o clientelismo.
É difícil acreditar em progresso para o Palmeiras num cenário de favorecimentos pessoais. Foi assim que muito clube brasileiro se afundou.
O risco é maior ainda porque Leila é presidente, patrocinadora e credora do clube. É uma personagem com o rosto do conflito de interesses.
Chega a ser contraditório uma empresária de sucesso como ela não enxergar o óbvio conflito.
O currículo de Leila como executiva de várias empresas dá esperanças ao palmeirense de uma administração profissional. Mas o amadorismo vivo na política de presentear eleitores e quem deve fiscalizar suas contas é uma ameaça terrível.
Pelo menos um estrago já foi feito: o soterramento da oposição, que tem sua parcela de culpa na própria agonia por não ter capacidade mínima de aglutinação.
Sem opositores fortes e ativos, será mais difícil corrigir eventuais falhas administrativas.
Nesse cenário, o Palmeiras está entregue ao bom senso de Leila. Caso ela, repentinamente, resolva cortar os mimos para seus apoiadores, as chances de uma gestão profissional, eficiente e bem fiscalizada aumentam.
Se ficar como está, o risco de o Palmeiras ser administrado como uma empresa de família dos anos 1980, submetida exclusivamente às vontades de seu dono, será enorme.
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