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OPINIÃO

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Perrone: Cobranças de Ceni são feitas sob encomenda para a diretoria

Rogério Ceni, durante treino do São Paulo no CT da Barra Funda - Anuar Sayed /saopaulofc
Rogério Ceni, durante treino do São Paulo no CT da Barra Funda Imagem: Anuar Sayed /saopaulofc

11/02/2022 09h13

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As cobranças feitas por Rogério Ceni a jogadores e funcionários do São Paulo se encaixam no discurso adotado pela atual diretoria desde a campanha eleitoral.

Enquanto trabalhava para ser eleito presidente, Julio Casares prometia a refundação da Barra Funda. Tratava-se de uma referência à necessidade de mudanças radicais no funcionamento do centro de treinamento tricolor.

O grupo de Casares reclamava, principalmente internamente, de existir acomodação entre parte dos funcionários que atuam no CT. Isso vale para uma parcela dos jogadores que estão há mais tempo no clube.

A avaliação é de que o departamento de futebol, com o passar do tempo, virou uma ilha desligada do restante do clube e com seus próprios métodos e ritmo de trabalho. Um local onde sugestões de fora não costumavam ser bem aceitas.

Desde a sua chegada, a diretoria identificou no elenco jogadores que entendia estarem acomodados e que não sentiam o peso das derrotas.

Passa por aí a recente reformulação no grupo com a saída de atletas e a chegada de caras experientes e com perfil de liderança.

A própria escolha de Ceni para substituir Crespo tem a ver com esse tema. A diretoria viu no ex-goleiro o comandante que poderia cobrar mudança de comportamento de funcionários e jogadores.

Postagem de Casares no Instagram, após entrevista de Ceni defendendo suas cobranças, confirma o alinhamento entre técnico e presidente.

"Quando trouxemos o Rogério Ceni, sabíamos do seu nível de trabalho, comprometimento e entrega que ele tem e oferece por onde passa", escreveu o cartola.

O presidente também citou "trabalho intenso, dinâmica que não premia o conforto e cobrança cada vez mais por qualidade" como sendo o que a direção deseja ver no CT.

Ou seja, a postura de Ceni pode ser criticada por quem é cobrado por ele, mas, pelo menos em tese, não pela diretoria. O treinador é um agente visto como capaz de executar transformações consideradas necessárias pelos cartolas.