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Ouvidor da polícia de SP defende liberação de bandeira com mastro em arenas
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Em reunião com representantes da Polícia Militar e da Ouvidoria da Polícia de São Paulo, nessa quarta (16), a diretoria do Corinthians afirmou que apura a atuação de um atendente que trabalha em seu estádio no episódio que antecedeu às agressões de um policial militar a torcedores do clube. A informação foi dada pelo ouvidor da Polícia de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, durante entrevista à coluna.
O titular da ouvidoria também afirmou que foram discutidas medidas para tornarem o ambiente na Neo Química Arena e em outros estádios mais festivo e menos tenso. Entraram na pauta a volta de mastros de bandeiras às arenas e o fim de outras proibições.
O episódio de violência policial aconteceu na partida entre Corinthians e Mirassol, no último dia 10, em Itaquera.
Um dos torcedores alega que seu cartão, que serve como ingresso, foi quebrado acidentalmente durante a revista policial. Ele afirma que foi orientado na bilheteria do estádio a procurar a PM para resolver a questão. Quando um amigo do corintiano filmava a conversa, começaram as agressões por parte de um policial.
"O Corinthians fez a reflexão de que, talvez, a atitude do agente, quando o torcedor, foi reclamar que o cartão dele quebrou, talvez, ele que deveria dar uma resposta concreta. Eles estão apurando isso. Vão criar um mecanismo para ter uma relação melhor com o torcedor. Uma relação de acolhimento", declarou o ouvidor.
Procurado, o departamento de comunicação do Corinthians enviou nota afirmando que a pauta da reunião foi a ocorrência na qual "um torcedor foi contido de forma agressiva em ação de policiais militares na entrada da Neo Química Arena". O comunicado diz também que "as análises internas sobre o ocorrido, que também foram discutidas, poderão ser divulgadas publicamente se e na medida em que houver clareza suficiente sobre os fatos" (leia a nota completa no final do post).
O diretor jurídico do Corinthians, Herói Vicente, liderou a reunião pelo clube. O presidente Duilio Monteiro Alves chegou na parte final, segundo Lopes.
Abuso
O ouvidor da Polícia disse que no encontro no Parque São Jorge reiterou que as agressões foram inaceitáveis.
"Fizemos um balanço daquele episódio absolutamente lamentável. Houve abuso por parte dos policiais, agressão sem necessidade. É preciso envidar esforços no sentido de evitar que essa situação volte a ocorrer", declarou o ouvidor.
Ele também afirmou que a Polícia Militar explicou na reunião as medidas que foram tomadas. "Identificação dos policiais, afastamento deles da atividade operacional. Foi aberto inquérito policial militar para apurar a conduta abusiva. Os jovens foram à delegacia, denunciaram, tem um inquérito (na Polícia Civil). A ouvidoria está acompanhando esse processo", disse Lopes.
Ainda conforme o ouvidor, os participantes da reunião chegaram ao consenso de que é preciso criar um ambiente acolhedor para o torcedor na Neo Química Arena e nos demais estádios paulistas.
Entre as mudanças em pauta, também para jogos dos outros times do estado, está a possibilidade de os clubes cuidarem da revista dos torcedores, com a polícia se concentrando na contenção do público, quando necessário. No entanto, esse tema foi citado de maneira superficial.
"Conversamos também um pouco em perspectiva. O que podemos fazer para que a rotina nos estádios não seja de casos de polícia. Pensamos em resgatar a campanha festa e paz nos estádios, por sugestão da própria Polícia Militar. Não pode o poder público ter uma ação só coibindo a torcida. Os torcedores fazem parte da paisagem urbana do futebol. O torcedor precisa ser acolhido como cidadão. Ele não pode ser visto como quem não faz parte do espetáculo. Os clubes precisam ter alguém para acolher o torcedor", declarou Lopes.
Ele defende o uso de detectores de metal na entrada do público. Os aparelhos seriam de responsabilidade dos proprietários das arenas.
Mastros
O ouvidor é a favor da liberação de alguns objetos proibidos nos estádios de São Paulo, como os mastros de bandeiras. Eles ficariam guardados nos estádios e teriam torcedores identificados como responsáveis pelos objetos.
"O estatuto do torcedor permite o uso de mastros nos estádios, no meu entendimento ele se sobrepõe à lei estadual (que veta os mastros). Na reunião, questionamos o quanto o nível de proibição contribui para o ambiente ficar mais violento", contou Lopes.
Ele disse que pediu a ajuda de Duilio para reunir dirigentes dos demais clubes paulistas para debater o tema.
"Provoquei o presidente do Corinthians para que ele também chamasse os outros clubes para nós retomarmos essa campanha da festa da paz com a participação também das torcidas, do Ministério Público, da Federação Paulista. Discutir algumas questões, itens que foram proibidos e que, passados alguns anos, a gente pode pensar, como, por exemplo, a questão das bandeiras", afirmou o ouvidor.
As bandeiras com mastros estão proibidas nos estádios paulistas por questões de segurança. Em diversas ocasiões os mastros foram usados por torcedores violentos como arma para agredir rivais.
"Tudo proibido não é possível. Por que não a gente contribuir para estimular as coisas belas que as torcidas organizadas fazem? Quando o poder público só trata de forma proibitiva, com repressão, acaba não gerando um comportamento positivo", opinou o titular da ouvidoria.
Segundo ele, a Polícia Militar chamou a atenção para a pauta da liberação de itens proibidos com o entendimento de que não se pode dizer sempre não para as torcidas.
Outra medida debatida é o uso de policiais militares mediadores, que seriam referências para diálogos com os torcedores nos jogos.
Até a criação de torneios de futebol entre as torcidas organizadas é discutida como medida para aliviar a tensão nos estádios
"Precisamos distensionar o ambiente para que o ambiente do futebol seja mais festivo. Questionou-se até que ponto o nível de proibição acaba gerando mais conflito. É uma reflexão que estamos fazendo. Isso não significa diminuir a questão de coibir violência. Pelo contrario", explicou o ouvidor.
Nota do Corinthians
"A pauta que motivou a reunião realizada na manhã desta quarta-feira (16/2) no Parque São Jorge com o ouvidor das Polícias de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, foi a ocorrência antes de Corinthians x Mirassol, na última quinta-feira (10/2), em que um torcedor foi contido de forma agressiva em ação de policiais militares na entrada da Neo Química Arena. As análises internas sobre o ocorrido, que também foram discutidas, poderão ser divulgadas publicamente se e na medida em que houver clareza suficiente sobre os fatos. Além desse assunto, foram trazidas à tona iniciativas que podem ser colocadas em prática após análise de viabilidade. Algumas delas foram apresentadas em conversa informal depois do final da reunião ao presidente do Corinthians, Duilio Monteiro Alves, que topou participar do início de conversas nesse sentido".
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