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Como conselheiros do Corinthians reagiram ao nome de Vitor Pereira

Vítor Pereira, então treinador do Porto, comemora gol da equipe contra o Benfica de Jorge Jesus. - Reprodução
Vítor Pereira, então treinador do Porto, comemora gol da equipe contra o Benfica de Jorge Jesus. Imagem: Reprodução

23/02/2022 10h22

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Entre as reações de conselheiros do Corinthians ao acerto do clube com Vitor Pereira estão elogios ao técnico, preocupação com os gastos gerados pela contratação e com o temperamento do trinador. Há também críticas à decisão da diretoria de aderir à moda de apostar em técnicos portugueses e quem admita não conhecer o trabalho do escolhido para substituir Sylvinho.

A coluna ouviu oito conselheiros sobre a escolha por Vitor Pereira, que deve ser anunciado como novo técnico do clube. A maioria preferiu não ter seus nomes revelados.
Três dos consultados, sendo dois da situação, elogiaram o treinador, mas mostraram preocupação em relação ao impacto que a contratação do treinador e de seus auxiliares terá nas contas do clube. Um desses ainda disse ter receio de que o contrato tenha multa rescisória.
Até a conclusão deste post, a diretoria ainda não havia confirmado a contratação, além de não ter divulgado informações sobre as negociações.
Quatro membros do conselho disseram desconhecer o trabalho de Pereira. Um deles e outro conselheiro entendem que, de maneira errada, a diretoria foi no embalo de rivais brasileiros ao optar por um português.
Uma conselheira ponderou sobre a falta de bons nomes no mercado nacional, na opinião dela, e sobre a dificuldade de se trazer um estrangeiro top de linha. Nesse cenário, disse que apoiará Pereira.
"Eu não conheço esse técnico, nem sei quem é. Eu acho que esse fetiche de contratar técnico português é uma coisa sem sentido do futebol brasileiro. Portugal não apresenta nenhuma evolução técnica, tática nos últimos anos. O futebol português continua pobre. A hora que sair o Cristiano Ronaldo, nem vai para a Copa do Mundo. Então, esse esse fetiche de contratar técnico português é uma coisa mais dos empresários do que do interesse do futebol", disse Antonio Roque Citadini, que comandou o futebol corintiano com Alberto Dualib na presidência.
Integrante da oposição, Citadini criticou a relação de treinadores portugueses com agentes.
"Os técnicos portugueses têm uma característica: eles jogam bem com os empresários. Essa é a característica de quase todos eles. Talvez o slogan seja; "em primeiro lugar, meu empresário". E, por isso, eles recebem salários altos, né? Eles não têm a característica de técnicos do Brasil, que pouco tinham, hoje já tá tudo meio misturado, mas não se submetiam aos interesses de empresário para trazer jogador, para vender jogador. Os portugueses, o principal jogo deles é com os empresários. Não conheço esse (Pereira), também nunca ouvi falar. Mas também está parecendo técnico português de tudo quanto é lado trazido por empresários", disse Citadini.
Rubens Gomes, outro opositor que passou pelo comando do futebol alvinegro na era Dualib, vê a diretoria corintiana influenciada pelos resultados obtidos por Jorge Jesus e Abel Ferreira no Flamengo e no Palmeiras, respectivamente.
"Torço para dar certo, mas tudo isso está sendo fantasiado pelo que aconteceu com Jorge Jesus e com o treinador do Palmeiras. Mas não podemos esquecer que outros estrangeiros já vieram e estão patinando. Tem bons técnicos brasileiros, embora alguns que foram bambambãs precisem se reciclar", declarou Gomes.
Porém, ele vê Pereira num patamar superior em relação a Sylvinho. "Pelo menos, o Corinthians vai ter um treinador, não vai ter aprendiz de feiticeiro. Embora, o Sylvinho seja boa pessoa. A diretoria está trocando o piloto com avião no ar", analisou o Gomes.
Por sua vez, a conselheira Analu Tomé, crítica da atual gestão, falou em falta de opções no Brasil e na dificuldade para trazer um treinador europeu de primeira linha.
"No mercado brasileiro, a gente não tem muitas opções, né? Temos o Cuca que, por questões óbvias, não combina com o Corinthians. Mano Menezes, que está ultrapassado. Carille, que, por questões internas, eu acho que não daria certo. Apesar de eu adorar o trabalho do Carille, sempre gostei e sempre vou apoiá-lo. Então, a gente tem que ir para o mercado estrangeiro. Lógico que a gente não pode pensar em grandes nomes no mercado estrangeiro. Porque, lógico, a gente está no Brasil e a realidade é outra. Dos nomes que surgiram, o Vitor Pereira, ele esteve no Fenerbahce, lógico, não é um técnico tão expressivo. Mas, para a realidade do Brasil, isso não conta, né? Porque se você pensar em Abel Ferreira, quem era o Abel antes? Ele está fazendo um excelente trabalho no Palmeiras. Então, se fecharmos com o Vitor Pereira, que é um técnico estrangeiro e aceitou trabalhar no Brasil, acho que o que a gente tem que fazer é aceitar e apoiar como, a grande torcida do Corinthians sempre faz, que é estar apoiando, e eu espero que dê certo".
Entre os que elogiaram Pereira, o seu repertório tático é apontado como virtude importante. Sylvinho era criticado por conselheiros, torcedores e comentaristas que o enxergavam como um treinador de uma nota só em termos táticos.
Logo depois de dizer que gostou da escolha pelo português, um dos situacionistas ouvidos disse que o clube precisa tomar cuidado porque "falam que ele é muito louco".
A citação é uma referência às polêmicas em que Pereira já se envolveu. Uma das mais conhecidas aconteceu em 2015, quando ele treinava Olympiacos, da Grécia. Na ocasião, o treinador foi acusado de incitar a violência ao entrar em atrito com torcedores do rival Panathinaikos, que hostilizavam seus atletas e, depois, chegaram a invadir o gramado.
A repercussão entre conselheiros mostra que a preocupação com os custos para manter a nova comissão técnica está presente entre opositores e situacionistas.