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OPINIÃO

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Perrone: Estilo sincerão de Ceni depende de apoio da direção para funcionar

Rogério Ceni orienta o elenco do São Paulo - Marcello Zambrana/ AGIF
Rogério Ceni orienta o elenco do São Paulo Imagem: Marcello Zambrana/ AGIF

11/03/2022 10h14

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Depois da derrota por 1 a 0 para o Palmeiras, nesta quinta (10), Rogério Ceni criticou um dos médicos do São Paulo, Tadeu Moreno. O treinador reclamou que o zagueiro Diego Costa voltou a campo pelo lado errado, após receber atendimento, e pediu mais atenção. Isso foi no lance que antecedeu o gol palmeirense. Em outra ocasião, o técnico já tinha criticado publicamente, mas sem citar nomes, jogadores em recuperação que deixam o clube no começo da tarde e até o esvaziamento da piscina do CT.

Como jornalista, acho ótimo que Ceni seja sincero a esse ponto. Falta sinceridade ao futebol. Independentemente da minha profissão, também prefiro as atitudes sinceras.

Porém, a sinceridade tem um preço. É natural as pessoas não gostarem de serem cobradas publicamente. Num time de futebol, críticas públicas podem gerar diversos focos de insatisfação.

A eventual repetição dessas cobranças em público tem potencial para formar no clube um ou mais grupos contrários ao comandante. Claro que isso dificultaria o trabalho do chefe.

Então, Ceni deve guardar sua sinceridade na gaveta? Não. É melhor que ele continue fiel às suas convicções. Se Rogério entende que essa é a melhor forma de agir, não há motivo para mudar .

Só que para isso funcionar é preciso respaldo da diretoria. É necessário que atletas e funcionários não tenham dúvida de que o treinador age com apoio da direção. E que, numa eventual queda de braço provocada pela sinceridade do comandante, os dirigentes ficarão do lado dele.

Sem esse apoio, a chance de nascer e crescer um motim aumenta. Além de apoiar o técnico, os cartolas precisam ter sangue frio para manter o respaldo se ao menos um deles for duramente atingido pelo estilo sincerão do treinador.

O que vale para um, vale para todos. E todos no Morumbi sabem que, desde os tempos de goleiro, Rogério tem personalidade forte. Ceni não fingiu ter doçura no ambiente de trabalho para conquistar a vaga.

Por sua vez, o Rogério só tem uma arma para proteger sua sinceridade: levar o São Paulo a vitórias e títulos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL