Perrone: Abel desrespeita trabalho de Ceni ao falar em campeonato manchado

Na opinião deste colunista, Abel Ferreira desrespeitou o trabalho de Rogério CenI e dos jogadores do São Paulo ao dizer que o Campeonato Paulista está manchado.

O desrespeito aconteceu quando o técnico palmeirense reclamou da arbitragem de Douglas Marques das Flores e do VAR na vitória por 3 a 1 do Tricolor na primeira partida da decisão do Paulistão na última quarta (30), no Morumbi .

O português se queixa especialmente do pênalti marcado para o São Paulo com revisão do VAR (bola na mão de Marcos Rocha) e de penalidade que ele enxergou em Gustavo Gómez, mas não foi marcada sem que o árbitro fosse ao VAR.

"A regra diz que precisa ser escandalosa, clara, como foi o pênalti do Gómez. E aí o VAR estava a comer pipoca, não viu e foi comer pipoca. Sequer chamou o árbitro. Faça o que fizer, este Paulista já está inquinado (manchado)", afirmou Abel em sua entrevista coletiva.

Os dois lances foram difíceis, logo as decisões geraram polêmica. Reclamações potentes do treinador palmeirense não são descabidas.

Porém, ele ultrapassa uma fronteira perigosa quando fala que a competição está manchada. Parece um misto de pressão na arbitragem para o segundo jogo da final e choro antecipado, apesar de seu time ter plenas condições de superar a desvantagem e dar a volta olímpica no Allianz Parque.

Mas o pior é que ao falar em mancha o português desmerece o trabalho feito por Ceni e seus atletas.

Campeonato manchado significa usar um asterisco, caso o São Paulo levante a taça, para dizer que a conquista só rolou porque o clube do Morumbi teria sido favorecido pela arbitragem.

Abel tem usado de forma cirúrgica seu prestígio para dar visibilidade a suas reivindicações. É difícil acreditar que ele não saiba que ao falar em mancha no campeonato desviaria os olhares que estavam voltados para a superioridade tática e técnica do São Paulo na partida no Morumbi.

Se o São Paulo for campeão, será porque o trabalho de Ceni evoluiu. O ex-goleiro encontrou soluções para os problemas do time. Ajudou na evolução de jovens como Pablo Maia e Rodrigo Nestor. Buscou o equilíbrio entre juventude e experiência. E porque terá superado um time tecnicamente superior em termos técnicos e que tem como cartão de visita o bicampeonato da Libertadores. A arbitragem polêmica no primeiro jogo não é suficiente para manchar tudo isso.