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Corinthians renegociou 'imagens' e compensou estouro com salários em 2021

Duílio Monteiro Alves, presidente do Corinthians, em coletiva de imprensa - Reprodução/Corinthians TV
Duílio Monteiro Alves, presidente do Corinthians, em coletiva de imprensa Imagem: Reprodução/Corinthians TV

13/04/2022 08h03

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Documentos internos entregues a conselheiros do Corinthians para a análise do balanço de 2021 mostram que o clube renegociou contratos de direitos de imagem de seus jogadores e compensou a despesa maior do que a prevista com salários e encargos.

O movimento fez com que o Alvinegro gastasse R$ 23.984.000 a menos com despesas relativas a direitos de imagem em 2021 em relação ao que havia sido previsto no orçamento revisado feito pela diretoria. Consequentemente, as despesas do clube com pessoal ficaram abaixo do esperado compensando o gasto maior do que o calculado com salários e encargos por conta de contratações e renovações contratuais feitas na última temporada.

A previsão revisada era de um gasto de R$ 30.114.000 com direitos de imagem de jogadores em 2021. Por causa das renegociações essa despesa foi de R$ 6.130.000 no ano passado.

Parte das quantias a serem pagas teve datas de vencimentos postergadas. Ou seja, o clube terá que arcar com esses valores no futuro, desde que os atletas em questão não sejam negociados.

Parecer emitido pelo Conselho Fiscal para os membros do Conselho Deliberativo explica o reflexo dessa estratégia.

"As despesas de pessoal ficam cerca de R$ 4 milhões abaixo do orçamento notadamente por conta de renegociações e revisões de contratos com imagem de atletas, adequando as despesas e o fluxo para as receitas. Esse efeito compensou o custo superior em encargos de folha, que ficaram 7% acima do previsto", diz o parecer.

Os conselheiros também receberam um arquivo com "comentários sobre as variações de saldos do balanço". Ele menciona que as renegociações dos contratos de imagem incluem a diminuição de valores ou pagamentos postergados. No segundo caso, se o jogador for negociado, o clube não precisa pagar a quantia combinada.

"Renegociações de diversos contratos de imagem com redução ou postergação de pagamentos, que ficam então vinculados à permanência dos atletas no futuro", diz o comentário.

A versão a qual a coluna teve acesso não tem a assinatura de quem comentou. Porém, ata de reunião do Conselho Fiscal sobre o balanço registra que comentários a respeito do tema foram enviados ao órgão por Roberto Gaviolli, executivo do departamento financeiro do clube.

Tabela que compara o que foi orçado com o que foi realizado no ano passado deixa clara a influência das renegociações nas despesas com pessoal.

O orçamento revisado previa que esse gasto seria de R$ 314.167.000 em 2021. Com a ajuda das renegociações de direitos de imagem a despesa foi de R$ 309.863.000.

A redução aconteceu apesar do gasto maior do que o esperado com salários e encargos. O orçamento revisado previa que essa despesa fosse de R$ 227.033.000 no ano passado. Mas ela foi de R$ 245.010.000.

O gasto de R$ 17.976.000 a mais do que o previsto é atribuído "às negociações de novos atletas e da renovação de novos contratos com atletas do elenco (Róger Guedes, Renato Augusto, Giuliano, Willian, Cássio, Fagner)", segundo o comentário sobre as variações no balanço recebido pelos conselheiros.