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OPINIÃO

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Perrone: Rincón fazia o Corinthians pulsar dentro e fora de campo

Rincón foi capitão do Corinthians na conquista do primeiro título mundial do clube - Reprodução/Twitte
Rincón foi capitão do Corinthians na conquista do primeiro título mundial do clube Imagem: Reprodução/Twitte

14/04/2022 08h54

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Parque São Jorge, algum lugar no tempo provavelmente no final da década de 90. Mais um dia agitado na vida de um elenco corintiano tão brilhante quanto polêmico. O repórter insiste em checar com Freddy Rincón se houve ou não nova polêmica nos bastidores da equipe. Eram tempos de poucos assessores e barreiras entre atletas e jogadores. Incomodado, o colombiano, com a mesma imponência com que intimidava seus adversários, encara o jornalista e decreta: "chega de 'fufuca!'".

A gargalhada foi geral, deixando uma mistura de descontração e tensão no ar. Depois desse dia, nunca mais consegui falar a palavra "fofoca". Virou "fufuca". Bom para mim. Vira e mexe lembro de um dos maiores meio-campistas que vi com a camisa do Corinthians.

Volante técnico e marcador implacável, além de meia, Rincón fazia o Corinthians pulsar dentro e fora de campo, como fez no caso da "fufuca".

O colombiano cobrava fortemente os companheiros dentro de campo e as tretas no vestiário eram comuns. Uma das mais famosas é aquela em que Edílson teria puxado uma faca para Rincón depois de ser cobrado por perder uma bola.

E Freddy tinha moral para cobrar. Estava quase sempre concentrado, não era de fazer bobagens com a bola nos pés. Pelo contrário. Jogava o fino. Foi um parceiro à altura para Vampeta, Ricardinho e Marcelinho Carioca no Corinthians. Não é por acaso que fez parte de duas equipes que encantaram seus torcedores: a seleção colombiana dos anos 90 e o Corinthians do fim da década de 1990 e campeão do Mundial de Clubes da Fifa em 2000. Claro, ele foi o capitão do Alvinegro naquela conquista. Não poderia ser outro. Rincón era indiscutivelmente o líder do time.

Sua combinação de técnica, capacidade de marcação e raça faria todo treinador atual babar por ele. Como foi no passado.

Muitos babaram de raiva. Como Felipão, que passou o primeiro tempo inteiro de um Dérbi gritando com ele. Provavelmente, por ter notado que o corintiano já tinha tomado conta do meio-campo. No intervalo, o treinador deu entrevista reclamando que os jogadores do Palmeiras estariam pegando leve com o amigo colombiano, que atuara pelo Alviverde.

Entre os dois rivais paulistas, sua identificação foi muito maior com o Corinthians. No Timão, merecidamente, ele frequentemente entra em listas de "melhores que eu vi jogar" feitas por torcedores.

Rincón, falecido nesta quinta (14), eternamente será referência de volante que sabe jogar e marcar. Chega de "fufuca". Descanse em paz, Rincón.