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Perrone: 6 decisões arriscadas tomadas na volta de Paulinho ao Corinthians

Paulinho jogador do Corinthians durante partida contra o Fortaleza na Neo Química Arena - Ettore Chiereguini/AGIF
Paulinho jogador do Corinthians durante partida contra o Fortaleza na Neo Química Arena Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

04/05/2022 04h00

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A lesão no joelho esquerdo, que deverá fazer Paulinho perder o restante da temporada, foi um acidente. Acontece com quem joga bola e faz parte do cotidiano dos clubes. Não há culpados.

Porém, antes de o volante se machucar na partida contra o Fortaleza, quase nada relacionado ao seu retorno ao Corinthians tinha funcionado. Na opinião deste colunista, o cenário negativo se deu por uma série de decisões arriscadas. A primeira delas rolou antes mesmo da contratação. Aconteceu no final do ano passado quando, com a expectativa de assinar um contrato mais rentável, a diretoria corintiana pediu um valor que assustou a Midea. A empresa, que negociava a renovação de contrato por mais um ano para continuar nas costas da camisa do Timão, entendeu que não valia a pena e pulou fora, como mostrou a coluna.

Foi um risco porque, apostando numa novidade, o clube acabou afugentando uma empresa que por dois anos foi sua patrocinadora. Em 2021, o pagamento anual feito pela Midea foi pouco superior a R$ 8 milhões.

Antes de o ano terminar, veio o segundo passo arriscado: a contratação de Paulinho. Foi arriscada porque o time precisava de um primeiro volante para fortalecer a marcação, mas trouxe um que joga como segundo e tem mais características ofensivas do que defensivas. Isso a equipe já tinha.

O risco era maior ainda porque o clube optou por trazer mais um veterano caro, apesar de já ter do meio para frente caras experientes e muito bem remunerados, como Renato Augusto, Willian e Jô.

Ou seja, os cartolas assumiram o risco de envelhecer mais o time e aumentar a quantidade de jogadores técnicos, porém, com pouca capacidade de marcação.

A diretoria ainda juntou o primeiro risco com o segundo, criando terceiro ao anunciar a Taunsa como nova parceira do Corinthians com a missão de gerar a receita que seria usada para pagar integralmente as remunerações de Paulinho.

Tanto era arriscado que o departamento jurídico orientou a diretoria a pedir o pagamento da Taunsa à vista, como mostrou a coluna. O risco se transformou em tragédia anunciada, já que a parceira não pagou os R$ 18 milhões pedidos à vista e que deveriam ser pagos em dezembro. Em reunião do Conselho Deliberativo no último dia 25, a direção explicou aos participantes que nenhum centavo havia sido pago pela Taunsa até então. Além dos R$ 18 milhões, nessa conta existem também pelo menos mais R$ 6 milhões para serem pagos parceladamente em 2022. Apesar do calote, a diretoria afirma que os pagamentos do volante estão em dia.

O quarto risco foi assumido pela diretoria comandada por Duilio Monteiro Alves no momento em que, mesmo sem pagar os R$ 18 milhões combinados, a Taunsa foi anunciada como patrocinadora do alto das costas da camisa corintiana por quatro jogos do Paulistão. O espaço foi o mesmo antes ocupado pela Midea, parceira do Manchester City. Uma decisão mais conservadora teria sido brecar a parceria por falta de pagamento e buscar outra empresa para bancar as despesas com Paulinho.

A quinta decisão arriscada foi tomada com a contratação do técnico Vítor Pereira, que preza pela recuperação rápida da bola após a perda, estratégia que exige vigor físico. É sempre um risco contratar um treinador que pede algo que, em tese o que boa parte do elenco, incluindo os principais jogadores, tem dificuldade para entregar. Essa estratégia atinge negativamente Paulinho. Não é a praia dele.

A sexta decisão nada segura foi tomada por VP ao insistir em alguns jogos com Paulinho e Renato Augusto juntos, como contra o Fortaleza. Não tem dado certo. E é previsível que não dê. O primeiro volante fica sobrecarregado por conta da falta de poder de marcação da dupla.

A falta de eficiência na marcação foi fazendo Paulinho perder espaço, o que transforma em realidade aquele risco de ter jogador caro frequentando o banco de reservas.

Isso não é confortável para quem, como o Corinthians, devia, no final de 2021, R$ 912 milhões, sem contar a dívida pela construção de seu estádio, de acordo com o balanço alvinegro.

Não dá para dizer que tudo saiu errado, porque Paulinho fez bons jogos e é uma excelente opção para a reserva, apesar de ser caro demais para isso, na minha opinião.

Mas, tirando a contusão, que era imprevisível, todo o restante é fruto da ousadia dos cartolas em arriscar. Ainda é possível que tudo mude e que Paulinho volte a brilhar pelo Timão. Afinal, seu contrato vai até dezembro de 2023. Aliás, não deixa de ser outro risco assinar por duas temporada com um atleta de 33 anos.

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