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OPINIÃO

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Perrone: Corinthians aceita derrota de R$ 28,9 milhões com Luan

Luan durante treino do Corinthians - Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Luan durante treino do Corinthians Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

11/06/2022 11h56

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Quem vai fazer uma oferta interessante por Luan com a imagem dele queimada no Corinthians? Difícil imaginar que algum clube brasileiro faça uma proposta melhor do que um empréstimo de graça pagando só uma parte dos salários.

O atleta é o responsável pela maior parte do desgaste em sua imagem. Afinal, foi ele que não conseguiu reencontrar o seu melhor futebol.

Porém, o Corinthians falha na pequena parcela que lhe cabe na preservação da imagem do jogador.

Em seu balanço referente a 2021, o Alvinegro registra o custo da compra de 50% dos direitos de Luan em R$ 28.952.000. Segundo o documento, esse valor inclui também eventuais luvas e "assemelhados". O contrato do atleta termina em dezembro de 2023.

Na opinião deste colunista, porém, o clube não tem demonstrado habilidade para tentar diminuir o prejuízo que a contratação deve causar.

Primeiro, Vítor Pereira deu entrevista dizendo que Luan já esteve relacionado para jogos do time, mas na última hora alegou sentir dores e foi para o departamento médico.

Não dá para condenar o treinador por explicar a situação do atleta. Mas é fato que a declaração deu margem para torcedores chamarem Luan de "chinelinho". Ou de "sanguessuga", como escreveu a torcida Camisa 12 em nota na qual pede que o jogador rescinda seu contrato.

A divulgação de informações tecnicamente detalhadas sobre a situação médica de Luan poderia ter deixado VP menos exposto ao sensível tema.

Na última sexta (10), Roberto de Andrade, em entrevista coletiva, tratou Luan como estorvo, apesar de falar de seu potencial. O diretor de futebol não agiu no sentido de preservar o investimento feito pelo clube.

"Nos preocupa bastante. É um atleta que foi eleito Craque das Américas, sabemos do potencial dele, mas não sabemos o que está acontecendo. Ele foi convocado para alguns jogos e na véspera do jogo se colocou fora porque estava sentindo dores. É uma situação delicada, o Corinthians tem contrato com o atleta, não é tão simples fazer a rescisão. Tem clubes interessados, podemos conversar com o Luan, ver a necessidade, se não consegue jogar aqui, jogar em outro lugar. É uma situação que nos incomoda bastante, garanto que isso nos atrapalha no dia a dia e queremos uma solução", afirmou Andrade.

Além de reforçar a brecha para a interpretação de que Luan não foi para os jogos porque não quis, o dirigente levou para dentro do clube a discussão sobre liberar de graça um atleta que custou cerca de R$ 28, 9 milhões.

Como o mercado interpretou a declaração de Andrade? Só vejo uma linha possível. Algo como: "o Corinthians está desesperado para se livrar de Luan. Eles aceitam pagar para colocar o jogador em outro clube".

Faltou tato da diretoria para impedir que a situação chegasse a esse ponto de exposição. Faz tempo que Luan não dá sinais de recuperação. Assim, a direção deveria ter tido agilidade para minimizar seu prejuízo sem alarde.

Luan não deveria estar mais no Corinthians. De preferência, nem emprestado. Quanto mais ele fica por lá sem jogar, mais se desvaloriza.

Claro que não é fácil vendê-lo. E se ele não quiser sair não é possível forçá-lo. Mas quem ocupa os cargos que Andrade e o gerente de futebol Alessandro Nunes ocupam precisa saber lidar com situações difíceis. Aceitar uma derrota de quase R$ 30 milhões como o Corinthians está aceitando é muito pouco para o tamanho do clube.