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OPINIÃO

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Perrone: Em discurso confuso, Jorginho reforça flerte com xenofobia

Jorginho no banco de reservas do Allianz Parque na partida entre Palmeiras e Atlético-GO pelo Campeonato Brasileiro 2022 - Ettore Chiereguini/AGIF
Jorginho no banco de reservas do Allianz Parque na partida entre Palmeiras e Atlético-GO pelo Campeonato Brasileiro 2022 Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

18/06/2022 11h38

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Jorginho adotou um discurso confuso para defender suas críticas com cheiro de xenofobia a Abel Ferreira.

Ao programa Gazeta Esportiva, ele disse que não é xenofóbico, mas declarou que não retira suas palavras sobre o colega palmeirense e discorda dessa "invasão" de treinadores estrangeiros no Brasil. Depois, afirmou que vê com bons olhos o intercâmbio com técnicos de outros países.

Deu para entender a posição do treinador do Atlético-GO? Eu não entendi.

A confusão feita por Jorginho começa quando ele usa o argumento de que tem nacionalidade portuguesa, assim como seus filhos e netos, para dizer que não é xenófobo.

O fato de ter dupla nacionalidade não é garantia de que a pessoa não vá praticar xenofobia.

E, no caso do ex-lateral, o passaporte português não apaga o fato de ele ter dito que Abel desrespeita o Brasil com a forma como se comporta diante das equipes de arbitragem. Essa fala fez Jorginho flertar com a xenofobia, na opinião deste colunista.

"Se houve uma conotação para esse lado [xenofobia], eu peço desculpas, não foi isso que eu quis dizer", disse o treinador para a TV Gazeta. Ou seja, ele faz um pedido de desculpas acanhado, mas não admite ter errado. Confuso.

Jorginho se enrola mais quando diz discordar da "invasão" de estrangeiros para depois elogiar o intercâmbio. Incompreensível.

Vale reforçar que os técnicos estrangeiros não entraram no Brasil sem pedir permissão. Foram convidados e trabalham aqui legalmente.

Essa foi a fala de Jorginho: "Eu discordo dessa invasão de treinadores estrangeiros, como se os treinadores brasileiros não tivessem capacidade. Nós tivemos aqui dois treinadores estrangeiros que tiveram sucesso: Jorge Jesus e Abel Ferreira. Passaram outros vários que não conquistaram títulos e tiveram a mesma atuação, o mesmo rendimento, que muitos brasileiros. Mas eu vejo isso [intercâmbio de treinadores] com bons olhos. Faz com que a gente busque cada vez mais uma capacitação. Essa troca de informação ajuda nós, brasileiros, a crescermos".

O ex-auxiliar de Dunga vê os técnicos brasileiros diminuídos pela presença de colegas estrangeiros no país. Ele tratou os os profissionais de outros países que chegam ao Brasil para trabalhar como quem vem para tirar o emprego dos brasileiros. Olha aí o cheiro de xenofobia de novo.

O estrangeiro que trabalha no Brasil deve ser avaliado por seu desempenho, não por sua nacionalidade. Não respeitar isso é caminhar rumo à prática xenofóbica. O que dá para concluir de discurso confuso de Jorginho é que ele refoçou seu flerte com a xenofobia.