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Perrone: No Brasil, trabalho de VP só não supera o de Abel Ferreira
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Na opinião deste colunista, o trabalho de Vítor Pereira no Corinthians é o segundo melhor de um treinador de clubes no país na atual temporada. Ele só fica atrás de Abel Ferreira.
O palmeirense está em vantagem por ter o time mais na mão. Isso resulta num futebol mais sólido do que o apresentado pelo rival.
É natural que Abel tenha um desempenho mais forte pelo tempo de casa dos dois treinadores.
Em outubro, Ferreira completará dois anos no Alviverde. VP comandou seu primeiro treino no Corinthians em dois de março deste ano.
Seria exigir demais que ele superasse o compatriota com trajetória bem mais curta em seu clube.
Porém, é notável o desempenho que Pereira conseguiu do Corinthians em pouco menos de cinco meses com um elenco mal montado pela diretoria e esfacelado por lesões.
Mesmo com todos os problemas, até aqui o Corinthians, além de já ter sido líder, não deixou o Palmeiras desgarrar na liderança do Brasileiro. Neste momento, a vantagem Alviverde é de apenas um ponto. Os rivais têm o mesmo número de vitórias: 8.
É um feito considerável se levarmos em conta a superioridade do elenco palmeirense, além do projeto mais maduro de seu treinador.
Também não é pouco VP conseguir neste momento manter o Corinthians com um ponto de vantagem sobre o Atlético-MG, dono de um dos melhores elencos do Brasil.
É preciso ainda destacar que o Timão tem oito pontos a mais do que o Flamengo, outro time com elenco mais forte e equilibrado do que o seu.
Mas não é só o desempenho no Brasileirão que me faz apontar o trabalho de VP como o segundo melhor do Brasil neste momento.
Com um time desfalcado, o Corinthians se tornou a segunda equipe brasileira a eliminar o Boca Juniors da Libertadores na Bombonera. Só o Santos de Pelé havia conseguido tal façanha.
Em sua outra frente de batalha, o Corinthians vai decidir uma vaga nas quartas de final da Copa do Brasil contra o Santos, na próxima quarta (13), após golear o rival por 4 a 0 em Itaquera.
O rendimento corintiano até aqui é bom nas três competições, apesar dos desfalques e carências do grupo.
O elenco foi montado sem um bom primeiro volante de origem, perdeu seu principal centroavante (Jô) e começou o ano sem um bom equilíbrio entre juventude e experiência.
Você pode estar pensando que ignorei os trabalhos de Fernando Diniz, Luiz Felipe Scolari e Mano Menezes ao apontar VP como o segundo melhor.
Não esqueci dos três. Mas, hoje, o Corinthians de VP tem dois pontos de vantagem sobre Flu e Furacão. O Internacional de Mano pode ficar a um ponto do Corinthians se vencer o América-MG, em Porto Alegre, nesta segunda (11).
Diniz deu ao Fluminense um estilo de jogo muito mais vistoso do que o implantado por VP no Corinthians. Além disso, o tricolor das Laranjeiras goleou o Timão, que começou o jogo com um time formado em sua maioria por reservas, por 4 a 0.
Só que nem sempre quem joga mais bonito vence ou é campeão. Está aí a seleção brasileira da Copa de 1982 como exemplo.
O Flu pode ser campeão brasileiro ou simplesmente terminar o campeonato na frente do Corinthians. Mas, hoje, o trabalho de VP me impressiona mais pela quantidade dificuldades superadas e pelo desempenho nas três competições que disputa.
A equipe de Diniz também briga por vaga nas quartas de final da Copa do Brasil. Venceu o Cruzeiro, no Maracanã, por 2 a 1, e faz o segundo jogo nesta terça (12), no Mineirão. O Corinthians, jogando bonito, conquistou uma vantagem mais ampla contra o Santos.
Na competição continental que disputava, a Sul-Americana, o time de Diniz foi eliminado na fase de grupos, apesar de uma histórica goleada por 10 a 1 sobre o Oriente Petrolero na Bolívia.
Vale lembrar que Diniz tem menos tempo de trabalho no Fluminense do que Pereira no Corinthians. Sua contratação foi anunciada em 30 de abril, pouco de um mês antes da queda na Sul-Americana. Ele já fez muito em pouco tempo.
A disputa entre Felipão e VP é mais dura. Em cerca de dois meses de trabalho, Felipão tirou o Furacão do 16° lugar no Brasileirão para levá-lo à parte de cima da tabela. Hoje, o time paranaense está em quinto, a três pontos do líder.
Na Libertadores, Scolari ajudou seu time a se classificar para as quartas de final eliminando o Libertad, do Paraguai.
Na Copa do Brasil, o Furacão venceu o Bahia por 2 a 1 no primeiro jogo das oitavas de final e decide a vaga em casa nesta terça.
A evolução do Internacional com Mano Menezes também merece destaque, principalmente pela rapidez com que ele organizou a equipe.
Felipão, Diniz e Mano ainda podem terminar o ano com trabalhos melhores do que o de VP. É difícil, mas o corintiano também tem possibilidade de superar Abel.
Adaptação
Para manter o Corinthians bem nas três competições que disputa, VP demonstrou capacidade de adaptação.
O treinador português entendeu que nem sempre poderia propor o jogo, apostando na rápida recuperação da posse de bola. VP sacou que para a maior parte da torcida do Corinthians não é vergonha priorizar a defesa, desde que o time seja competitivo.
Foi assim que o Alvinegro eliminou o Boca nos pênaltis sem fazer nenhuma finalização durante a partida. O treinador alterna os dois estilos.
Outro mérito de VP é equilibrar experiência e juventude entre os titulares. Além disso, com ele, tanto veteranos como novatos melhoraram seus rendimentos. São os casos, por exemplo, de Cássio, Fábio Santos e Jô (antes de rescindir contrato), Du Queiroz, Mantuan (envolvido em troca por empréstimo com Yuri Alberto) e Adson.
Até o desempenho defensivo de Cantillo melhorou. É algo que parecia impossível no começo do trabalho do português.
Obviamente, VP também cometeu erros. Na minha opinião, o maior deles foi a insistência em poupar alguns dos principais jogadores no início de algumas partidas e colocá-los no segundo tempo com a equipe mais longe da vitória.
O importante para o Corinthians é que ele conseguiu manter o clube na disputa de três títulos enquanto a diretoria tenta equilibrar o elenco com contratações, como a de Yuri Alberto.
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