Topo

Perrone

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Conselheiro pede abertura de processo de impeachment contra Andres Rueda

Andrés Rueda, presidente do Santos - Reprodução/YouTube
Andrés Rueda, presidente do Santos Imagem: Reprodução/YouTube

19/07/2022 19h24

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O conselheiro do Santos Augusto Duarte Moreira Neto apresentou, nesta terça (19), pedido de abertura de processo de impeachment contra Andres Rueda, presidente do clube e de seu Comitê de Gestão. Além de integrante do Conselho Deliberativo (CD), Neto é vereador em Santos.

O requerimento foi enviado ao presidente do CD, Celso Jatene. Entre outros argumentos, o conselheiro acusa Rueda de ferir a reputação do Santos, ficando sujeito à punição de eliminação do quadro associativo. A pena está prevista no estatuto da agremiação.

Procurado pela coluna, Rueda afirmou: "Não recebi a notificação, por isso fica difícil opinar. Ele, como conselheiro, tem todo o direito de protocolar qualquer pedido junto ao CD".

No documento, Neto também afirma que uma regra estatutária obrigando que pelo menos 1% do orçamento anual proposto pelo do clube seja destinado aos esportes amadores e olímpicos foi descumprida.

Segundo o requerimento, houve direcionamento de verba para o futebol feminino, considerado pelo conselheiro como pertencente ao departamento de futebol profissional.

Uma polêmica envolvendo a contratação de Ricardo Goulart, reforços trazidos durante a passagem de Fábian Bustos pela Vila Belmiro e um acordo com Jorge Sampaoli são citados no documento. O vereador fala em gestão temerária.

O pedido é para que o processo de impeachment também seja aberto contra o vice-presidente do CG, José Carlos de Oliveira.

O requerimento não cumpre a exigência estatutária de ter 20 assinaturas. Mas o vereador considera o procedimento válido.

O presidente do conselho confirmou à coluna ter recebido o pedido. Mas não disse qual é sua posição.

"Ou seja, ao invés de coletar as 20 assinaturas de Conselheiros (o que seria demasiadamente moroso), optei legalmente por oficiar a presente denúncia diretamente à mesa do conselho para que a própria mesa efetue a representação à CIS (Comissão de Inquérito e Sindicância), sob pena de responder por omissão. Ter ciência e nada fazer é conivência, e o ato também é punível pelo estatuto social", diz trecho do requerimento.

Neto aponta que, de acordo com reportagens, Rueda "ofende a imagem do clube em demasia, afastando investidores e patrocinadores", além de rotular dirigentes anteriores a Rueda como corruptos e desonestos.

Para justificar essa afirmação, o vereador diz que, em reunião do conselho, o presidente declarou que futebol foi feito para "ladrão ou louco". Este colunista recebeu vídeo com tal afirmação feita pelo dirigente.

Também faz parte do requerimento um pedido para que sejam apuradas declarações atribuídas a um ex-médico do clube que teria alertado o presidente sobre informações que davam conta de um suposto problema físico de Ricardo Goulart, antes da contratação do atacante.

Também é solicitado que sejam apurados os valores investidos nas contratações de Jhojan Julio e Brian Angulo.

Estatuto

O artigo 68 do estatuto aponta como motivos para o pedido de impeachment do presidente do Comitê de Gestão e de seu vice, entre outras ocorrências, o fato de os cartolas acarretarem, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Santos ou infringirem ordem estatutária.

O artigo 69 determina que o presidente do CD tem cinco dias para encaminhar requerimentos com pedido de impeachment para a Comissão de Inquérito e Sindicância.

Feito isso, os cartolas têm dez dias para apresentarem suas defesas. Depois, o parecer da CIS sobre o impeachment precisa ser votado pelo CD. São necessários os votos de 2/3 dos presentes para a aprovação do parecer.

O estatuto diz ainda que, nos casos em que o pedido de impeachment é aprovado, ele precisa ser ratificado pelos sócios. Se o afastamento é por gestão temerária ou irregular, os dirigentes ficam afastados provisoriamente até a decisão dos associados.