Perrone: Direção corintiana deve apoiar VP diante de desconforto de atletas

Como mostrou o UOL Esporte, há desconforto entre parte dos jogadores do Corinthians em relação ao trabalho de Vítor Pereira. Os motivos são o fato de os atletas só saberem no dia do jogo quem são os titulares, o tipo de treino que VP costuma aplicar nas vésperas das partidas e declarações públicas do treinador que deixaram jogadores expostos.
Diante desse cenário, na opinião deste colunista, a diretoria do clube precisa deixar claro aos atletas que apoia o treinador.
Demonstrar apoio não significa fechar os olhos para os eventuais erros do técnico.
O que a direção precisa mostrar para os jogadores é que confia no trabalho do técnico e que não existe chance de trocar de treinador caso o desconforto aumente e se transforme numa crise de relacionamento.
É preciso fazer isso porque o trabalho da comissão técnica deve ser avaliado por sua qualidade e pelo desempenho do time. Gostos pessoais não podem ser levados em consideração.
Nessa avaliação é preciso identificar as responsabilidades de cada um.
A diretoria de futebol deve estar preparada para analisar permanente o desempenho de atletas, técnico e todos os funcionários.
A cobrança sobre VP precisa existir. O que não pode, na minha opinião, é dirigente falar: "Pô, professor, muda um pouco isso aqui porque a boleirada não está gostando". Isso é mimar o elenco e enfraquecer o técnico.
A diretoria tem o direito de discutir com VP mudanças em seus métodos desde que seja por motivos técnicos, com dados que sustentem a conversa. Não para agradar a alguém.
De modo geral, considero o trabalho de VP bom. Mas, claro, ele também erra. Para mim, por exemplo, errou contra o Flamengo ao escalar Piton no lugar de Fábio Santos, que tem jogado melhor.
Também acredito que ele precisa assumir mais seus erros nas entrevistas coletivas. Às vezes, só aponta falhas dos atletas. Desde os primórdios do futebol isso gera riscos de o comandante perder o vestiário.
A direção de futebol precisa ter conhecimento técnico para discutir tais temas com o treinador. Os cartolas também precisam de habilidade para mostrar ao técnico que o apoiam, mas que são exigentes e buscam correções de rota, se for necessário.