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OPINIÃO

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Perrone: Erro admitido por VP é grave e não combina com seu status

Vítor Pereira, técnico do Corinthians, fala em painel sobre técnicos estrangeiros na Brasil Futebol Expo - Arthur Sandes/UOL
Vítor Pereira, técnico do Corinthians, fala em painel sobre técnicos estrangeiros na Brasil Futebol Expo Imagem: Arthur Sandes/UOL

06/09/2022 04h00Atualizada em 06/09/2022 08h47

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Vítor Pereira admitiu nesta segunda (5) que fez "uma cagada muito grande" ao exagerar na carga de treinamento e deixar o Corinthians cansado para o jogo com o Internacional, no domingo.
A sinceridade de VP foi ótima, pois nos ajudou a entender melhor a queda de rendimento do time no segundo tempo do empate em dois gols com o Colorado, em Itaquera.

O erro, no entanto, foi grave. Não combina com experiência, status e nível salarial ostentados pelo treinador.

"Nesta semana fiz uma cagada muito grande. Não disse isso nem a meus jogadores ainda, mas revendo o jogo [contra o Inter], percebi claramente. Esta foi uma semana diferente de todas as anteriores. Com vontade de treinar e melhorar a dinâmica da minha equipe, o que fiz? Treinei muito. Foi na intensidade que gosto. Não durante muito tempo, mas dei uma carga que eles não tinham há muito tempo. Chegamos ao jogo cansados, sem capacidade. Tivemos capacidade no primeiro tempo, mas no segundo [o time] foi a pique. É minha responsabilidade", disse o treinador durante a feira Brasil Futebol Expo, em São Paulo.

Cansar o time nos treinos a ponto de prejudicar o rendimento da equipe combina mais com um treinador novato. E ainda assim seria uma falha grave.

Dois elementos fazem a trapalhada de VP chamar mais atenção. O primeiro é que ele vive reclamando da falta de tempo para treinar. Quando finalmente tem o que queria, ele erra na dose.

O segundo, é o efeito que isso pode ter na avaliação diária que os jogadores fazem do seu comandante, como todo trabalhador faz em relação a seu chefe. Vale lembrar que, no início de agosto, o UOL Esporte mostrou a existência entre jogadores de desconforto com alguns pontos do modelo de trabalho do técnico.

A sinceridade de VP deixa uma dúvida no ar: qual foi o motivo da queda de rendimento do Corinthians no segundo tempo de outros jogos?

Tem sido normal o Alvinegro piorar na etapa final. Já tinha sido assim, por exemplo, contra o Red Bull Bragantino.

Na opinião deste colunista, as quedas de rendimentos contra Inter e Red Bull foram acompanhadas de falhas do treinador em substituições. Isso porque ocorreram mudanças demasiadamente defensivas, chamando os adversários para o campo de defesa corintiano.
Outro erro frequente de Pereira é o falso poupar em jogos do Brasileirão. O treinador se acostumou a deixar titulares no banco e acioná-los no segundo tempo com o time precisando evitar um resultado ruim.
Ou seja, quem seria poupado entra numa situação desgastante, pelo menos em tese. E, às vezes, em jogos fora de casa, com o desgaste natural da viagem.
Errar é do jogo. Ainda mais para um técnico que está na sua primeira temporada no clube.
Mas VP tem errado mais do que se espera pelo esforço que o Corinthians fez por sua contratação.
Isso não significa que considero seu desempenho péssimo. Até já escrevi aqui que seu trabalho era o segundo melhor de um treinador no Brasil na temporada.
Em 11 de julho, o coloquei atrás apenas de Abel Ferreira. Hoje, o vejo ultrapassado por Dorival Júnior e numa briga apertada com Fernando Diniz pela terceira posição. Ambos têm Felipão no retrovisor.

Nesse cenário, o Corinthians precisa pesar erros, acertos e o custo de VP quando for decidir se renova o contrato do treinador, que termina no final da temporada. Isso se ele quiser ficar. Pereira já disse que só tomará sua decisão após o término da temporada, apesar de Duilio ter oferecido a renovação depois da derrota para o Palmeiras pelo Brasileirão.