Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Perrone: Palmeiras parece mais uma empresa de Leila ao pedir voto para FAM
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Na noite da última segunda (19), o perfil oficial do Palmeiras no Twitter pediu votos para a FAM, patrocinadora do clube, no Prêmio Reclame Aqui. A peça publicitária é o puro suco do amadorismo e da falta de bom senso para separar o que é da agremiação e o que pertence à sua presidente (leia resposta da dirigente no final do post).
Leila Pereira, presidente alviverde, e seu marido, José Roberto Lamacchia, são os donos da FAM. O tuíte publicado na conta palmeirense traz uma foto de Dudu vestindo o uniforme do time. Uma taça aparece ao seu lado.
O pedido de voto para a universidade é acompanhado da nada sutil mensagem: "chegou a sua hora de contribuir com a história da parceria campeã!".
Mais claro do que isso só se estivesse escrito: "palmeirense, com a ajuda do dinheiro da Fam, empresa da presidente, seu time ganhou muitos títulos. Agora retribua ajudando a universidade a levantar uma taça".
Estamos diante de uma confusão em estado bruto entre o que é de Leila e o que é do Palmeiras. Entre o que é do interesse dela e o que interessa ao palmeirense. É como se a agremiação também fosse propriedade da empresária. Tudo no mesmo pacote.
O torcedor alviverde não quer saber de prêmios que as empresas da dirigente possam ganhar. Ele segue o perfil do clube para ficar por dentro das coisas do Verdão.
Claro que a agremiação tem compromissos com seus patrocinadores. Mas há limites. Sugerir que o palestrino deve colaborar com a FAM porque a instituição de ensino injetou dinheiro no clube ultrapassa todos eles.
As empresas do casal não fizeram favor ao Palmeiras. Assinaram contrato. Pagam e recebem espaço nas propriedades do clube. A Crefisa também emprestou dinheiro e está recebendo de volta, conforme o combinado.
O palmeirense não deve favores para Leila como patrocinadora e como presidente. São duas relações regidas por regras e que ela assumiu por vontade própria.
Esses relacionamentos não deveriam se misturar, como acontece na campanha por votos para a FAM. Segundo o site do evento, são premiadas empresas com operações de atendimento mais eficientes e melhores reputações. O voto popular é um dos critérios usados para a definição dos ganhadores.
A campanha por votos para a empresa de Leila faz o Palmeiras parecer um pequeno negócio familiar. Um bazar no qual os donos pedem, sem cerimônia, para os clientes votarem no trabalho de seus filhos na feira de ciências da escola.
O Palmeiras é muito grande para se submeter a ações amadoras como essa. Não confundir o que é do clube com o que é seu é o mínimo que se espera de Leila, como de todo dirigente. A falta de sensibilidade da presidente para enxergar o óbvio é preocupante para o torcedor alviverde, pois é algo distante da gestão profissional que ele espera.
A resposta da presidente
Após a publicação do post, o departamento de comunicação do Palmeiras enviou a seguinte nota:
"A presidente Leila Pereira esclarece que a ativação mencionada pelo blog, envolvendo as redes sociais do Palmeiras e a FAM, é um direito do patrocinador previsto no contrato celebrado com o clube. Em 2020 e 2021, quando Leila ainda não presidia o Palmeiras, foram realizadas publicações com o mesmo conteúdo nos canais oficiais do Maior Campeão do Brasil.
Além de elos entre o torcedor e a sua paixão, as redes sociais dos grandes clubes são hoje fontes de receita e servem como vitrine para empresas dispostas a contribuir financeiramente com o futebol. Relegar ao patrocinador o benefício de explorar exclusivamente a marca estampada no uniforme é uma visão antiquada e simplista, que em nada favorece o desenvolvimento de um esporte que necessita de cada vez mais profissionalismo e investimento.
A presidente Leila ressalta que os patrocinadores são polos geradores de receita e, por esse motivo, não tem medido esforços para que novos parceiros se juntem ao clube tricampeão da Libertadores".
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