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Pedido de conselheiros mantém chance de ampliação de mandato de Duilio

Duílio Monteiro Alves concede entrevista coletiva no CT do Corinthians - Rodrigo Coca/Ag. Corinthians
Duílio Monteiro Alves concede entrevista coletiva no CT do Corinthians Imagem: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

27/09/2022 10h39

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Requerimento apresentado por 54 conselheiros do Corinthians ao presidente do Conselho Deliberativo (CD), Alexandre Husni, mantém a chance de ser votada no órgão a possibilidade de um ano a mais de mandato para Duilio Monteiro Alves. Isso apesar de a comissão de reforma estatutária ter fechado seu relatório, na última segunda (26), sem o ano extra para o atual mandatário.

O pedido elaborado pelo conselheiro Romeu Tuma Júnior, antigo opositor do grupo que está no poder, é para que os temas que geram polêmica e tiveram mais de uma sugestão também sejam avaliados pelo CD. O requerimento não especifica propostas. Mas, como a validade da ampliação do mandato para Duilio é um dos temas mais polêmicos, o assunto, em tese, é abraçado pela iniciativa.

O texto final elaborado pela comissão prevê o aumento do mandato dos presidentes e dos conselheiros da agremiação de três para quatro anos. Porém, sua redação deixa claro que a novidade, se aprovada, não valerá para Duilio, eleito para presidir o clube entre 2021 e 2023.

O atual presidente diz que não tem ligação com a proposta de ampliação e que não se envolveu com a discussão sobre a reforma estatutária.

A comissão vai enviar sua proposta final para ser votada pelo Conselho Deliberativo. Se o CD decidir aprovar alterações no estatuto, as mudanças ainda precisarão ser aprovadas pelos sócios.

Atendendo em parte ao requerimento encabeçado por Tuma, o presidente do CD pediu para a comissão que cuida das mudanças enviar ao órgão todas as propostas debatidas.

No entanto, ele afirmou que ainda não está decidido se as ideias rejeitadas pela comissão serão votadas pelo conselho ou se apenas será analisado o texto final. Despacho de Husni requer, além de todas as propostas, atas das reuniões feitas pela comissão, entre outros documentos.

O requerimento idealizado por Tuma pede que todos os artigos aprovados pela comissão e que tiveram apenas uma proposta sejam votados em bloco, de uma só vez, prevalecendo o relatório final. E que os "mais polêmicos, em que houver mais de uma proposta/sugestão" sejam votados separadamente, por tópicos.

A maioria dos signatários do documento pertence ao grupo União dos Vitalícios. Conselheiros que defendem essa ideia, afirmam que cerca de mais 30 assinaturas serão apresentadas para reforçar a solicitação, datada de 25 de agosto.

Um dos argumentos que sustentam o pedido é que a comissão deliberou que "nenhuma proposta cujo teor fosse legalmente possível seria vetada pela comissão.

"Nenhuma proposta foi vetada. A comissão fez o trabalho de analisar e colocar tudo em discussão interna, para no final elaborar o texto", afirmou à coluna Domingos Savio Zainaghi, relator das propostas de alteração estatutária. Ele afirmou também que compete ao presidente do conselho analisar o pedido feito pelos conselheiros.

Zainaghi também afirmou que a proposta para dar o direito a Duilio e aos atuais conselheiros de aproveitarem a ampliação foi retirada pelos próprios autores.

"Essa proposta houve lá atrás, quando chegaram para ampliar o mandato do atual presidente, vices e nós conselheiros. Mas essa proposta, inclusive, foi retirada logo no início dos debates pelos próprios proponentes. Acho até estranho ressuscitarem isso porque quem propôs retirou. Isso a gente nem discutiu. E não houve, de lá para cá, nenhuma tentativa de tentar prorrogar o mandato atual", disse o relator.

Ao elaborar o requerimento, Tuma considerava a discussão das mudanças parada e via risco de elas não serem votadas um ano antes das próximas eleições, previstas para novembro de 2023, o que poderia gerar dúvidas sobre se elas já valeriam para o próximo pleito.

Trecho da solicitação elaborada em agosto diz que "não mais se teve qualquer notícia oficial sobre o deslinde dos trabalhos da referida comissão, bem como sobre todas as propostas".

Entre os que assinam o requerimento estão Paulo Garcia e Osmar Stabile, ex-candidatos à presidência em disputas contra chapas do Renovação e Transparência, grupo do qual Duilio faz parte. Ao lado de Garcia, Tuma foi um dos derrotados por Andrés Sanchez na eleição de 2018. Stabile é membro da comissão de reforma estatutária, mas não participou da última reunião.

Conselheiros contrários ao quarto ano de mandato para Duilio chamam a ideia de golpe. É o caso do ex-presidente Mário Gobbi, um dos fundadores do Renovação e Transparência, mas que saiu do grupo e foi candidato à presidência na última eleição.