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Leco gera incômodo no SPFC ao 'esquecer' de corte salarial durante pandemia

Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, durante treino do São Paulo no CT da Barra Funda - Marcello Zambrana/AGIF
Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, durante treino do São Paulo no CT da Barra Funda Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

19/11/2022 04h00

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Em entrevista publicada no portal da ESPN na última quinta (17), o ex-presidente do São Paulo Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, afirmou que só os jogadores do clube não receberam integralmente seus salários durante o auge da pandemia de Covid-19. A informação está incorreta e gerou desconforto em funcionários que trabalham no Morumbi e sofreram cortes em seus pagamentos na ocasião.

"Mas, importante frisar, nenhum dos quase mil funcionários foi mandado embora. E todos receberam. Os únicos que não receberam integralmente, e que precisamos jogar para a frente, foram os jogadores, que são aqueles que montam o custo mais elevado", disse Leco em trecho da entrevista.

Diferentemente do que declarou o ex-dirigente, que presidia a agremiação na ocasião, empregados tiveram redução salarial. A coluna teve acesso a documentos que confirmam os cortes.

Três funcionários do clube relataram a este colunista terem recebido com estranhamento as declarações do ex-dirigente, já que os cortes nos pagamentos aconteceram.

Procurado, Leco, depois de consultar informações da época, admitiu o equívoco e afirmou que os funcionários tiveram salários reduzidos.

"Esclareci o ocorrido, que já faz tanto tempo e foi num momento difícil para todos, e a conclusão que eu posso te dar é que a afirmação que eu fiz teve o efeito simbólico de que nós procuramos privilegiar e respeitar o nosso corpo de funcionários. E, efetivamente, houve a redução que você mencionou. Houve durante três meses. Isso vem sendo compensado até hoje pelo banco de horas. É o que eu acabei de me informar", afirmou Leco.

Como mostra comunicado enviado a seus colaboradores em 30 de abril de 2020, o clube fez acordo com os devidos sindicatos e reduziu jornadas de trabalho e salários em 25%. As reduções seguiram regras do programa emergencial criado pelo Governo Federal. Houve uma faixa salarial no clube que não foi atingida pelas reduções, porém isso não está especificado nos documentos obtidos pela coluna.

Em 28 de maio de 2020, os colaboradores foram informados a respeito de um novo acordo que aumentou a redução da jornada e das remunerações para 50% por um prazo de até 60 dias.

Vale lembrar que, conforme as regras do programa, trabalhadores do país de todas as áreas atingidos por reduções tiveram direito a um benefício emergencial pago pelo Governo Federal.

Jogadores

A gestão de Leco fez um esquema diferente em relação aos atletas do time de futebol profissional. Eles tiveram corte de 50% no salários com direito a receber a outra metade depois.

Gastos

Leco também recebeu críticas no Morumbi por causa de declarações que deu durante a entrevista dando peso importante aos gastos durante sua gestão com obras feitas por conta de enchente que atingiu o clube e a trabalhos de infraestrutura no Morumbi. A avaliação é de que essas despesas pesaram nas contas menos do que o ex-cartola diz.

"Tive particularmente duas coisas muito marcantes. Aquela inundação imensa que destruiu o parque social do São Paulo [em março de 2019]. Ele precisou ser refeito inteiramente. Muito dinheiro gasto na infraestrutura. Muito, muito. Essa reconstrução do clube foi dispendiosa, além de paralisar atividades e gerar custos e despesas muito grandes", afirmou Leco. O ex-presidente também citou gastos com o estádio do Morumbi.

A coluna apurou que, por causa do estrago provocado pelas chuvas na ocasião, o SPFC gastou cerca de R$ 1 milhão em um muro de arrimo e no máximo por volta de R$ 600 mil para recuperar galerias danificadas. Em relação ao Morumbi, parte do investimento foi feito com a ajuda de parcerias.