Corinthians encerra 2022 com desmanche de pacote de promessas da base

Um dos motivos de orgulho do Corinthians em 2022 foi o bom aproveitamento de jogadores que vieram da base do clube.
Na comissão técnica e na diretoria o discurso era de que apostar no desenvolvimento dos jovens era o melhor caminho. Eles representavam uma solução barata para fortalecer o time e a expectativa de grandes vendas no futuro.
O processo começou com o técnico Sylvinho no ano passado e foi consolidado por Vítor Pereira. Porém, antes mesmo de 2022 terminar, o Corinthians vê o esvaziamento dessa turma de revelações da base.
O desmonte do pacote de promessas interrompe trajetórias que geravam expectativas. Isso sem a entrada de vultosas quantias de dinheiro nos cofres do clube na maioria dos casos.
Até aqui, a venda de João Victor para o Benfica, em julho, é um raro caso de bom retorno financeiro. O Corinthians recebeu 8 milhões de euros (R$ 44 milhões de reais) na ocasião por 55% dos direitos econômicos do zagueiro.
Por sua vez, Raul Gustavo, que formou uma elogiada dupla de zagueiros com João Victor tem o seu empréstimo, com opção de compra, para o Bahia encaminhado. Os valores envolvidos são mantidos em sigilo.

Porém, a negociação frustra a expectativa inicial do clube, que era negociar Raul com um time do exterior, não necessariamente agora. Só que o beque de 23 anos perdeu espaço no Alvinegro e terminou a temporada desvalorizado.
A queda de Raul coincidiu com a ascensão de Robert Renan. Vítor Pereira promoveu um rodízio entre os veteranos Gil e Balbuena abrindo espaço para o zagueiro de 19 anos.
Robert confirmou o que se esperava dele no clube. Jogou com segurança e personalidade e justificou a fama de ser uma das principais revelações da base corintiana nos últimos anos.
Sua presença entre os titulares cheirava a retorno esportivo e financeiro, com uma eventual venda para um grande clube europeu.
Mas, surpreendentemente, Renan virou moeda de troca na operação para o Corinthians assegurar a compra dos direitos econômicos de Yuri Alberto, de 21 anos.
Outro envolvido no negócio com o Zenit, da Rússia, também veio da base alvinegra: Du Queiroz.
O volante de 22 anos oscilou durante a última temporada. Mesmo assim, participou de 36 dos 38 jogos do Corinthians no Brasileirão e se destacou em parte das estatísticas.
Para conseguir o empréstimo de Yuri, o Corinthians já tinha emprestado para os russos outra de suas revelações: Gustavo Mantuan, além do goleiro Ivan.
O atacante, que tem valor de venda fixado, foi emprestado justamente quando se destacava no time profissional corintiano.
A debandada de atletas formados na base ainda pode ser engrossada por Piton. O lateral-esquerdo interessa ao Vasco. Em 2022, ele se revezou com Fábio Santos entre os titulares.
A maneira como VP confiou em Piton não sugeria que antes mesmo do final do ano ele pudesse ter a sua saída para uma equipe brasileira negociada.
Mas o Corinthians age como se tivesse colocado em prática uma operação para se desfazer de suas promessas. Uma mistura de falta de dinheiro e de paciência desponta como justificativa mais plausível para o movimento alvinegro no mercado da bola.