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OPINIÃO

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Quatro respostas para quem desmerece feitos de Pelé como maior da história

Di Stéfano e Pelé em amistoso Real Madrid x Santos em 1959 - Montagem sobre Diário ABC
Di Stéfano e Pelé em amistoso Real Madrid x Santos em 1959 Imagem: Montagem sobre Diário ABC

30/12/2022 08h00

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As discussões sobre quem foi o maior jogador de todos os tempos costumam ser longas e inconclusivas. Ninguém é obrigado a concordar que Pelé continua sendo insuperável. Nem os brasileiros.

Mas, se você, como este colunista, elege o Rei como número 1, seguem quatro respostas para argumentos muito usados por quem desmerece os feitos do craque brasileiro ao defender outros nomes.

Caso você seja da turma que usa essas teses que diminuem as façanhas do eterno camisa 10, leia o post e fique à vontade para mudar de opinião ou não.

1 - Outros tempos

Um dos argumentos mais usados pelos que subestimam as marcas de Pelé é o de que ele jogou em uma época em que a preparação física dos jogadores era rudimentar, se comparada à transformação que essa área sofreu com o passar do tempo.

Nesse cenário, o Rei teria enfrentado uma marcação mais frouxa e adversários lentos. Quantas vezes você ouviu (ou disse) que se Pelé jogasse hoje não conseguiria fazer as mesmas jogadas porque seria mais marcado?

Resposta - Até pode parecer, mas Pelé não veio do futuro para jogar contra atletas dos anos 1950, 1960 e 1970. Ele se destacava atuando contra adversários que tinham condições parecidas para se preparar fisicamente. Pelo menos contra os times grandes. Em boa parte da carreira, Edson Arantes do Nascimento teve preparo físico acima da média de seus colegas de profissão. Ponto para ele.

Tem outra. Naqueles tempos, os gramados e os materiais esportivos não tinham a mesma qualidade de hoje. Sob esse ponto de vista, era mais difícil atuar em décadas passadas.

2 - Faltou jogar por um clube europeu

Esse é um mantra dos que defendem que Pelé não foi o maior jogador de futebol de todos os tempos. Seja para defender Messi, Cristiano Ronaldo ou Maradona como o número 1, a conversa é a mesma: o brasileiro teria números tão bons se tivesse jogado na Europa, enfrentando diariamente a elite do futebol mundial? "Jogando contra clubes brasileiros ou nos Estados Unidos, no final da carreira, era mais fácil fazer gols", dizem os defensores dessa tese.

Resposta: Naquela época, não era comum brasileiros jogarem na Europa. Os grandes craques nacionais atuavam no Brasil num tempo em que o futebol brasileiro era o melhor do mundo. Nesse cenário, pelo Santos, Pelé enfrentou adversários de alto nível. O Botafogo de Garrincha, o Cruzeiro de Tostão e o Palmeiras de Ademir da Guia, por exemplo.

Além disso, o Santos de Pelé foi bicampeão do Mundo batendo o Benfica de Eusébio, em 1962, e o Milan de Mazzola e Amarildo, em 1963. Os críticos podem dizer que o camisa 10 só participou de um dos três jogos do confronto contra o time de Milão, a vitória italiana por 4 x 2 no primeiro duelo. É verdade. Mas ele marcou os dois gols santistas nesse jogo, o primeiro da disputa.

O Santos também pegava grandes times europeus em amistosos e torneios. Para encerrar, Pelé media força com os melhores do planeta nas Copas do Mundo. Ainda que tenha se machucado logo no segundo jogo da competição em 1962, ele é o único jogador tricampeão mundial por seleções.

3 - Pelé sempre atuou ao lado de grandes craques

Vira e mexe alguém solta que Pelé não conquistou tudo sozinho. Na seleção brasileira e no Santos ele esteve cercado por craques, o que o ajudou a ser tão vencedor.

Resposta - É verdade, mas Cristiano Ronaldo, Messi e Maradona, a partir de sua ida para a Europa, quase sempre atuaram ao lado de grandes atletas em seus clubes. Em termos de seleções, não dá para negar que Pelé levou vantagem. Mas tudo bem, futebol é um esporte coletivo, ninguém é obrigado a ser o único craque da equipe para fazer jus ao título de melhor de todos os tempos.

4 - Gols em amistosos

Há quem ataque a quantidade de gols feitos por Pelé em amistosos. O argumento é de que ele teria uma marca mais modesta sem esses jogos.

Resposta - O Rei jogou numa época em que os calendários eram menos inchados. Existia mais tempo para amistosos. O Mundo queria ver o Santos de Pelé em ação. Clubes de todas as partes desejavam desafiar o timaço da Vila Belmiro.

Na cota de gols em partidas amistosas não entram só jogos com babas. Pelo contrário, o Peixe pegou muito time estrangeiro bom nessas partidas.

Na lista de gols em amistosos está, por exemplo, um marcado na derrota para o Real Madrid de Puskas e Di Stéfano, dois dos maiores jogadores de todos os tempos, por 5 a 3 na Espanha, em 1959. Pelé também sofreu o pênalti que originou um dos gols e fez a finalização que deu o rebote para o outro tento de sua equipe. O adversário tinha acabado se se sagrar campeão europeu. Só isso.