Gaviões dispara contra diretor corintiano que criticou protesto da torcida

A Gaviões da Fiel emitiu nesta terça (17) nota repudiando críticas feitas por Herói Vicente, diretor Jurídico do Corinthians, à manifestação de torcidas organizadas alvinegras em Bragança Paulista. A uniformizada vê motivos para o afastamento do cartola.

Os torcedores acenderam sinalizadores como parte de um protesto contra o preço cobrado para a torcida visitante (R$ 100) na partida do Timão contra o Red Bul Bragantino, no último domingo, pelo Campeonato Paulista. O jogo chegou a ser paralisado, e o clube pode ser punido pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) da Federação Paulista de Futebol (FPF).

"Herói Vicente se utiliza de aspas para ironizar a manifestação legítima que fizemos e que faremos. Mais que isso, ainda taxa as organizadas como irresponsáveis e inconsequentes. A omissão deveria ser motivo suficiente para um pedido público de desculpas e a ironia e o deboche, motivo para o afastamento do diretor de suas funções", diz trecho do comunicado divulgado pela principal torcida uniformizada corintiana.

Em contato com o blog, André Luiz Machado, diretor de caravana e conselheiro da Gaviões, foi mais incisivo em relação ao afastamento do dirigente. "Já demos essa resposta [nota oficial] e exigimos o afastamento dele", afirmou o torcedor.

"Inadmissível o diretor jurídico do clube ir contra o torcedor, ainda mais numa situação de luta contra o preço abusivo dos ingressos, já que o Corinthians sempre foi conhecido como time do povo. Declaração infeliz do diretor jurídico, que além de se retratar publicamente, deveria se afastar do cargo por não compactuar com o torcedor que é seu maior patrimônio e por nunca ter dado nenhum respaldo jurídico ao menos ao torcedor sobre o assunto, apenas tenta criminalizar a ação, que se fosse combatida pelo departamento jurídico do clube talvez não existiria. Irresponsabilidade aliada com incompetência. Fora Herói Vicente", escreveu o dirigente da Gaviões à coluna.

Procurado, o diretor jurídico do Corinthians afirmou que não vai comentar o posicionamento da Gaviões. Em seu perfil no Twitter, ele havia feito uma sequência de comentários para explicar porque condenou o uso de sinalizadores em Bragança como forma de protesto.

"Faço uma analogia bem fácil de entender: o camarada está com insônia. Aí ele queima o próprio colchão para protestar contra quem está lhe tirando o sono. Não tem sentido, não é mesmo?", escreveu Herói. Leia a íntegra dos comentários feitos pelo diretor corintiano ao final do post.

Veja a nota oficial emitida pela Gaviões.

"Desde o Paulistão de 2022, as torcidas organizadas do Corinthians vêm demonstrando sua discordância com os preços abusivos praticados pelos clubes mandantes país afora. Neste ano, R$ 100 no domingo, em Bragança, e R$ 120 em Limeira, no próximo sábado.

Ao final da terceira rodada do Paulistão, o torcedor corinthiano terá gastado R$ 220 em ingressos como visitante. É quase 20% do salário-mínimo. Isso seria motivo suficiente para um diretor jurídico com pretensões políticas dentro do clube vir a público demonstrar total apoio à causa.

Mas não. Herói Vicente se utiliza de aspas para ironizar a manifestação legítima que fizemos e que faremos. Mais que isso, ainda taxa as organizadas como irresponsáveis e inconsequentes. A omissão deveria ser motivo suficiente para um pedido público de desculpas e a ironia e o deboche, motivo para o afastamento do diretor de suas funções".

Leia a íntegra dos comentários de Herói Vicente no Twitter,

"Toda a torcida deveria conhecer as questões legais e de segurança que envolvem o uso de artefatos pirotécnicos em ambientes densamente ocupados. Tem de entender o que é proibido e por quais motivos existe proibição.

O debate sobre esse assunto deve ocorrer na seara técnica. Simplesmente protestar através de meios ilegais não é adequado.

Por diversos motivos:

01. Coloca em risco a integridade física de quem usa e está próximo.

02. Pune o clube disciplinarmente.

03. Pune o clube desportivamente, com a paralisação inoportuna da partida em momento crucial.

04. Já fomos prejudicados em outras ocasiões por conta disso.

É uma atividade que só interessa a quem vende esse artefato. Se disserem que a ideia do protesto para surtir efeito deve necessariamente estar atrelada à geração de algum prejuízo grave para outrem, parece em tese, não tratar-se de uma manifestação pacífica.

Faço uma analogia bem fácil de entender: O camarada está com insônia. Aí ele queima o próprio colchão para protestar contra quem está lhe tirando o sono. Não tem sentido, não é mesmo?

Em última análise o "protestante" está prejudicando a si próprio quando detona sua maior razão de existir.

Pelo menos pelo lado do SCCP, há uma tradição histórica de diálogo e cooperação para resolução de problemas. Mas a coisa tem de fluir adequadamente. Sem imposições ilegais. Paz".