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OPINIÃO

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Pichações em muro do Palmeiras pintam situação do clube pior do que é

Torcedores do Palmeiras picham entorno do Allianz Parque em protesto após empate contra o São Paulo - Reprodução/Arquivo pessoal
Torcedores do Palmeiras picham entorno do Allianz Parque em protesto após empate contra o São Paulo Imagem: Reprodução/Arquivo pessoal

23/01/2023 11h11

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Sou do tempo em que quando os muros da sede do Palmeiras amanheciam pichados a situação no clube estava feia. Sempre foi comum acontecer depois de uma derrota humilhante em clássico.

Na noite do último domingo (22), porém, rolou após um empate sem gols com o São Paulo, resultado normal.

O ato de vandalismo imprimiu essas frases nos muros: "Acorda Blogueirinha", "Diretoria fraca", "Leila cumpra suas promessas" e "queremos jogadores".

A primeira parece mais uma tentativa de ataque à presidente da agremiação, Leila Pereira, do que algo relacionado a possíveis problemas enfrentados pelo Alviverde.

"Diretoria fraca" é uma generalização. Como todos os outros clubes, o Palmeiras tem dirigentes bons e ruins.

A cobrança por cumprimento de promessas reflete o discurso de Paulo Serdan, presidente da escola de samba Mancha Verde.

Em recente vídeo no Instagram, ele afirmou que Leila Pereira prometeu combater preços altos das camisas oficiais do time e dos ingressos para os jogos e fazer grandes contratações, mas não cumpriu.

De fato, os valores das camisas e dos ingressos estão salgados. É um problema que a maioria dos clubes brasileiros vive, mas não ataca.

A cobrança por reforços aparece também na quarta frase citada sobre a pichação. Isolada, a informação de que o Palmeiras ainda não contratou ninguém em 2023 diz pouco sobre a situação palmeirense.

O Alviverde tem uma base sólida e vencedora. Portanto, a necessidade de reforços é menor em relação à maioria dos rivais. O quadro é diferente do que vemos no Morumbi, por exemplo.

Insatisfeito com o ano sem títulos, o São Paulo decidiu reformular o time e já fez sete contratações.

Já o Palmeiras precisa de reforços pontuais. E aqui é justo criticar a diretoria pela demora para trazer um substituto para Danilo.

A saída do volante era previsível. É difícil encontrar um jogador à altura dele. Por isso a direção deveria ter iniciado a busca pelo substituto antes mesmo de concretizar a venda do meio-campista.

Torcedores também cobram um nome de peso para a vaga deixada por Scarpa. No ano passado, o Alviverde trouxe Tabata para ser esse cara. Até agora ele não decolou.

O dinheiro da venda de Danilo aumenta a pressão por contratações. "O Palmeiras vendeu muito bem, mas vou comprar quando for necessário. E será o jogador que nossa comissão técnica decidir ser aquele nome. Não vou gastar dinheiro do Palmeiras para que atenda o torcedor, que com toda a clareza quer cada vez mais contratações. Mas na hora que a conta vem, reclama que o clube está com problema de caixa", disse a presidente em entrevista coletiva neste mês.

As palavras da dirigente deixam clara a divergência de pensamento com ao menos parte da torcida. O conflito de opiniões, no entanto, não tem tamanho para ser definido como crise, que é o que as pichações sugerem existir. Os muros pichados não combinam com um time que venceu o último brasileiro e que ainda é um dos mais fortes do país.