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Ronaldo deve falar mais sobre sua gestão em vez de usar passado como escudo
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É compreensível que a torcida do Cruzeiro tenha descontado em Ronaldo parte de sua decepção com a derrota de seu time por 2 a 0 para o América-MG no primeiro confronto pelas semifinais do Campeonato Mineiro, no último sábado (11). Isso não significa que seja justo.
O ex-atacante comanda um trabalho de reconstrução que leva tempo. Impossível tirar um clube do buraco em que o Cruzeiro foi enfiado, travado na Série B, direto para o topo.
Ter paciência é necessário. Porém, Ronaldo não ajuda sua relação com a torcida ao bater na tecla da "herança maldita" que recebeu de outras gestões ao comprar a agremiação.
Ele repetiu o tema ao comentar os xingamentos que recebeu de uma parcela dos torcedores no estádio depois da derrota para o América.
"Hoje foi um dia muito triste para mim. Não só pelo resultado em campo, mas pelas reações de parte da torcida e imprensa. Nunca é demais lembrar a situação que encontrei o Cruzeiro e o processo doloroso que estamos passando. Tiramos o clube da UTI e já falei que vamos tirar do hospital", disse o Fenômeno.
Ronaldo não comprou a SAF do Cruzeiro porque foi obrigado ou para fazer caridade. A compra foi realizada porque ele acreditou ser um bom negócio. E ninguém escondeu dele as dificuldades que enfrentaria.
Porém, o fato de o ex-jogador repetir a cada momento duro que encontrou o clube arrebentado tem potencial para irritar o cruzeirense.
O torcedor conhece a profundidade do poço em que o Cruzeiro foi jogado por cartolas incompetentes.
O que ele quer agora é saber o que está sendo feito, quais são os próximos passos e, principalmente, enxergar resultados (a volta à Série A é inegavelmente fruto da era Ronaldo).
Ao repetir com frequência a história da "herança maldita", Ronaldo fica preso numa bolha de justificativas que o exime de analisar com profundidade sua agestão.
É importante para evolução do Cruzeiro a análise de seus erros recentes. O torcedor quer e tem o direito de saber o que está sendo feito para corrigir as falhas. Usar os problemas do passado como escudo não contribui para esse debate e tende a gerar insegurança na torcida.
O Brasileirão vem aí, e nele a administração encabeçada por Ronaldo irá encarar seu maior desafio até aqui. Os responsáveis pelo sucesso ou pelo fracasso serão os integrantes da atual gestão, juntamente com jogadores e comissão técnica.Os erros de diretorias passadas não servirão como blindagem.
Esses ex-dirigentes devem, sim, ser responsabilizados pelo que fizeram. Mas existe forma e hora adequada para cobrá-los. Certamente, não é a cada tropeço do time.
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