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Justiça manda bloquear pedras preciosas da Xland por dívida com Scarpa

Gustavo Scarpa, do Nottingham Forest, em jogo contra o Wolverhampton - Jon Hobley/MI News/NurPhoto via Getty Images
Gustavo Scarpa, do Nottingham Forest, em jogo contra o Wolverhampton Imagem: Jon Hobley/MI News/NurPhoto via Getty Images

28/03/2023 10h01Atualizada em 28/03/2023 14h12

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Com Diego Garcia, do UOL, em São Paulo

A Justiça de São Paulo determinou nesta segunda (27) a apreensão de um malote que supostamente contém pedras preciosas e que pertence à empresa acusada de causar prejuízo milionário a Gustavo Scarpa e Mayke.

A decisão da 10ª Vara Cível está relacionada ao processo movido por Scarpa contra a Xland Gestora de Investimentos, seus sócios e uma empresa de Willian Bigode, seu ex-companheiro no Palmeiras. Willian e suas sócias, incluindo sua mulher, Loisy Maria Pires Coelho de Siqueira, também foram acionados.

Após a publicação da primeira versão deste post, a assessoria de imprensa de Willian Bigode divulgou nota afirmando que a defesa do jogador do Athletico também conseguiu, na segunda-feira, em outro processo, o bloqueio das mesmas pedras preciosas. O comunicado aponta que o lote está avaliado em cerca de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,58 bilhões), segundo documentos apresentados pelos donos da empresa. Bigode afirma que também é vítima da Xland por não ter conseguido resgatar valores que aplicou por meio da empresa.

O juiz Danilo Fadel de Castro, da 10ª Vara Cível, que cuida da ação movida por Scarpa, determinou o arresto de um malote de 20,8 quilos que, segundo certificado de origem e notas fiscais, contém alexandritas (pedras preciosas).

O material está sob a guarda da Sekuro Private Box. Por enquanto, o responsável legal da empresa ficará como depositário do malote, de acordo com a ordem judicial.

Como mostrou o "Fantástico" a empresa havia alegado para Scarpa ter R$ 2,1 bilhões em alexandritas como garantia para convencê-lo a fazer o investimento. Porém, isso nunca foi comprovado para o jogador, conforme sua versão.

Na ação movida por Scarpa, apreensão do material, guardado em cofre, foi determinada depois de tentativa frustrada da Justiça de bloquear R$ 5.360.000,00 das contas da Xland. Foram localizados apenas R$ 674,89.

"Desta forma, por bem que, visando a efetividade da decisão liminar, que ainda remanesce intacta quanto aos seus requisitos, o arresto determinado recaia sobre os bens securitizados que a referida ré deixou sob a guarda da empresa Sekuro Private Box S/A., consistente em um malote na cor azul, identificado sob o nº 04, lacrado, com o peso de 20,8 quilos, o qual pode conter, eventualmente, as pedras preciosas descritas no certificado de origem e notas fiscais", diz trecho da decisão.

"No entanto, ressaltando-se ser grande a segurança necessária para o transporte de bens de tal natureza, é certo que não há, neste momento, como se efetuar a busca e apreensão dos bens depositados, através de oficial de justiça", escreveu o juiz.

A Sekuro Private informou ao tribunal que guarda as pedras preciosas em um de seus cofres, mas que o contrato de segurança vence nesta terça-feira, 28 de março, após vigência de 1 ano.

A Sekuro aponta que já recebeu o carregamento lacrado, sem conseguir atestar sobre a qualificação e classificação dos materiais depositados. O material não foi manuseado ou aberto desde que foi entregue, há 1 ano.

A empresa avisou que a Xland precisa retirar o malote do cofre a partir de amanhã, já que o vínculo contratual chega ao fim após o dia de hoje. O acesso ao cofre é feito por coletor biométrico pela palma da mão, biometria dos dedos polegares e indicadores cadastrados e chaves dos cadeados.

De acordo com documentos entregues pela Sekuro à Justiça, o material presente na caixa é a pedra preciosa alexandrita, a qual a empresa disse aos palmeirenses ser a garantia financeira da Xland. Porém, o registro junto à Junta Comercial diz que o capital social é formado por outro metal precioso, a esmeralda brasileira, segundo revelou o UOL.

Scarpa diz que investiu R$ 6,3 milhões em criptoativos com a Xland, mas não conseguiu resgatar o dinheiro investido, diferentemente do combinado. Ele e Mayke afirmam que Willian Bigode, com quem jogaram no Palmeiras, indicou a Xland.

Willian Bigode

"A defesa do jogador Willian Bigode e de sua mulher, Loisy Siqueira, representada pelo escritório Bruno Santana Advocacia e Consultoria, obteve ontem uma liminar na 36ª Vara Cível de São Paulo, na qual pediu o bloqueio das joias dadas em garantia dos investimentos em criptomoedas feitos na Xland...", diz trecho do comunicado divulgado pela assessoria de imprensa de Willian.

De acordo com a nota, "o advogado Bruno Santana requereu o bloqueio para preservar os interesses não apenas de Bigode, mas de todos os credores da Xland e, principalmente, daqueles que chegaram à empresa por indicação do jogador, caso de Gustavo Scarpa e de Mayke, igualmente prejudicados pela Xland".

Santana afirmou à coluna que as pedras preciosas bloqueadas a partir do pedido dele são as mesmas que foram atingidas por decisão no processo movido por Scarpa. De acordo com o advogado, o material ficará vinculado ao processo no qual a Sekuro for notificada primeiro. Mas, afirma epe, o valor é suficiente para resguardar os direitos também de Scarpa e Mayke, entre outros.

Ainda conforme o o advogado de Willian, laudo produzido por um banco alemão atesta que o valor do lote é de aproximadamente US$ 500 milhões. No entanto, Santana ressaltou que o valor das pedras deve ser verificado por uma perícia a ser determinada pela Justiça.

Por sua vez, a Xland nega ter dado golpe em seus clientes. Ela afirma que "todos os recursos da empresa estão congelados em um processo judicial de recuperação da [empresa] FTX que se desenrola nos Estados Unidos".