Topo

Perrone

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Acusação de vingança e suspeito espancado. A emboscada que matou corintiano

Emboscada em Belém provocou morte de corintiano - Reprodução/Twitter
Emboscada em Belém provocou morte de corintiano Imagem: Reprodução/Twitter

14/04/2023 08h23Atualizada em 14/04/2023 09h50

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Um cenário de horror com feridos de um lado e suspeito sendo espancado do outro. No meio, até criança assustada. A seguir, você lerá a reconstituição da emboscada a torcedores do Corinthians em Belém, na última quarta (12), a partir da apuração da coluna. O atentado provocou a morte de Rafael Merenciano, diretor da Pavilhão 9, torcida organizada corintiana.

Faltavam cerca de duas horas para o início de Remo x Corinthians pela Copa do Brasil. Cerca de 150 membros de torcidas uniformizadas alvinegras caminhavam pelo meio da rua com escolta policial no entorno do Mangueirão para entrar no estádio.

Três motos se aproximam dos corintianos pela lateral. Uma delas arremessa o artefato que causou a explosão. As três aceleram para deixar o local. A correria se instalou. Havia até criança e torcedores do Remo no local.

Merenciano tombou ferido. Pelo menos mais um torcedor ficou machucado. Corintianos afirmam que uma das motos ficou para trás e o ocupante dela foi detido e espancado pelos alvinegros. De acordo com os relatos, ele não estava no veículo do qual foi arremessada uma bomba caseira, mas o acompanhava.

Nas redes sociais circula a foto de um homem numa maca com o rosto severamente machucado e que seria o envolvido no atentado que foi espancado. A imagem não é nítida, mas indica que ele tem uma tatuagem que inclui o escudo do Paysandu. Os corintianos afirmam que o desenho se refere à torcida Terror Bicolor (TUTB), que nega envolvimento no episódio (leia nota abaixo).

Rixa

Os torcedores alvinegros acusam a TUTB de ter armado uma vingança por membros da Gaviões da Fiel terem tomado faixas dela há muitos anos em São Paulo, quando a uniformizada paraense foi a um jogo contra o Palmeiras.

Pela versão de membros das Gaviões, na época, a torcida deu uma resposta a seguidos ataques que teriam sido feitos pela Terror Bicolor.

Num dos episódios, em 2002, A TUTB é acusada de tentar roubar faixa da Gaviões, que estava em Belém para acompanhar jogo da Copa dos Campeões. A competição era organizada pela CBF. Os corintianos também acusam os rivais de outros ataques violentos nos anos seguintes.

A Gaviões mantém amizade com a Remoçada, torcida do Remo que a recebeu em Belém para o jogo pela Copa do Brasil.

Bicolor nega envolvimento

Em nota no Instagram, nesta quinta, a Terror Bicolor lamentou a morte do corintiano, repudiou a violência praticada e negou sua participação. Leia a postagem completa:

"A TUTB vem por meio dessa nota lamentar o falecimento do torcedor do Corinthians Rafael Merenciano, e ressaltar que nossa torcida não compactua com esses atos de violência.

Passamos por 3 clássicos contra o time do Remo e conseguimos evitar diversos focos de confusão. Não seria em um jogo com duas torcidas com histórico de rivalidade entre elas que algum integrante de nossa torcida conseguiria passar assim despercebido no meio de diversos torcedores do Remo.

Que os verdadeiros culpados sejam identificados e punidos perante a lei!

Repudiamos também todas as fake news repassadas em canais de comunicações da internet. Já estamos tomando todas as providências cabíveis juridicamente para averiguar todas essas acusações desprovidas contra a nossa instituição e assim que juntarmos todas as provas, entraremos com todos processos oficialmente."

Polícia

A coluna enviou questionamento para as polícias Militar e Civil do Pará sobre o episódio que culminou com a morte do torcedor corintiano. Até a conclusão deste texto, apenas a Polícia Civil havia respondido ao comunicado. A reportagem será atualizada caso a PM também responda.

A Polícia Civil, no entanto, não respondeu se um torcedor do Paysandu suspeito de envolvimento no atentado foi agredido pelos corintianos e levado pela PM para o hospital.

Também não foi respondido se a polícia trabalha com a informação de que a emboscada foi promovida pela Terror Bicolor com o intuito de se vingar da torcida rival.

O comunicado da polícia afirma que o corintiano morto foi atingido por um rojão, não por uma bomba caseira, como dizem os corintianos.

Confira a nota da Polícia Civil

"A Polícia Civil informa que investiga o caso por meio da Divisão de Homicídios. Diligências foram intensificadas para identificar e localizar suspeitos. Um homem de 37 anos, torcedor do time paulista, foi atingido por um rojão. Ele foi socorrido e levado para atendimento médico, mas não resistiu aos ferimentos. A Polícia Civil analisa imagens de câmeras de segurança da área para buscar mais elementos que indiquem a autoria dos fatos. Informações que ajudem nas investigações podem ser repassadas por meio do Disque-Denúncia, no número 181. O sigilo e o anonimato são garantidos."