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OPINIÃO

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Protesto de corintianos no CT é relevante por ligar caos do time a cartolas

Luxemburgo foi muito aplaudido pelos torcedores do Corinthians que protestavam no CT Joaquim Grava - Reprodução
Luxemburgo foi muito aplaudido pelos torcedores do Corinthians que protestavam no CT Joaquim Grava Imagem: Reprodução

07/05/2023 13h13Atualizada em 07/05/2023 16h23

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Luxemburgo saindo do CT do Corinthians para conversar com torcedores é a imagem mais impactante do protesto feito neste sábado (6) por seis torcidas organizadas contra a má fase do Alvinegro.

Porém, o mais importante na manifestação foi a ligação que a torcida fez entre a situação do time e o grupo político liderado por Andres Sanchez. Principalmente ao colocar sob os holofotes os conselheiros Manoel Ramos Evangelista, o Mané da Carne, e Jacinto Antônio Ribeiro, o Jaça.

A maneira como as organizadas se posicionaram mostrou que elas compreendem que os maus resultados (eliminação nas quartas de final do Paulistão, zona de rebaixamento no Brasileiro e terceiro da chave na Libertadores) não são frutos só de falhas de jogadores e treinadores.

Duilio Monteiro Alves, por exemplo, foi novamente cobrado, como o presidente do caos, o que de fato é.

A fase atual é consequência, entre outros episódios, de:

1 - Sua teimosia em apostar em um técnico inexperiente (Fernando Lázaro), mesmo após a experiência ruim com Sylvinho.

2 - Ele tentar passar por cima da rejeição que Cuca enfrentava de grande parte da torcida corintiana. Desgastado por causa da volta à pauta de sua condenação, em 1989, após acusação de envolvimento no estupro de uma menina de 13 anos, na Suíça, o técnico pediu demissão depois de dois jogos.

3 - Seus erros, juntamente com o ex-diretor de futebol, Roberto de Andrade, e o gerente Alessandro Nunes, na montagem do elenco, que não tem equilíbrio entre experiência e juventude.

Mas os problemas começaram bem antes de Duilio ser presidente. Gaviões da Fiel, Camisa 12, Pavilhão 9, Estopim da Fiel, Coringão Chope e Fiel Macabra demonstraram entender isso ao estenderem em frente ao CT faixa com os seguintes dizeres: "910 milhões, herança maldita".

A quantia é uma referência à dívida aproximada do clube, sem contar o débito pela construção do estadio corintiano. A "herança" liga o valor ao grupo Renovação e Transparência, capitaneado por Andrés, que está no poder desde 2007, quando Alberto Dualib renunciou.

Os gastos exagerados nas gestões anteriores à de Duilio, que era diretor de futebol antes de assumir a presidência, deixaram o clube sem condições de brigar hoje no mercado pelos melhores jogadores.

Porém, as organizadas foram mais fundo no buraco alvinegro. Puxaram para a superfície Mané e Jaça, acostumados à sombra do Senadinho, espaço no qual conselheiros se encontram no Parque São Jorge.

Os dois tiveram caricaturas suas exibidas por membros da Gaviões em frente ao CT. Duilio, Alessandro e Andrés também foram representados.

Lembrar de Mané e Jaça é importante para mais torcedores conhecerem personagens que têm sua parcela de responsabilidade no que acontece no Corinthians.

Além disso, ambos representam uma série de conselheiros e até mesmo de sócios que esperam na fila sua vez de desfrutar do poder no Corinthians.

Claro que existem conselheiros competentes e sócios bem intencionados. Mas o pensamento do "agora é a minha vez" é histórico no Corinthians.

Na época de Alberto Dualib essa filosofia já estava consolidada. Ela seguiu seu curso com o Renovação e Transparência.

Mané e Jaça estão entre os melhores exemplos de como estar do lado certo pode dar poder ao conselheiro no Parque São Jorge.

As categorias de base são consideradas no clube territórios de Jaça. Segundo membros da situação, ele sempre tem a preferência na indicação do diretor de futebol amador.

O conselheiro tem sido influente na base durante as gestões do Renovação e Transparência, independentemente do presidente e de ter cargo na área.

No ano passado, Jaça ganhou destaque no noticiário corintiano quando Alexandre Jacobina, o Jarrão, que era vice-presidente da Gaviões, foi acusado pela organizada de receber propina de Jaça. Os R$ 10 mil pagos a ele por uma empresa que agencia jogadores seriam para evitar o nome do conselheiro em protestos.

Jarrão foi expulso da Gaviões. Jaça afirmou que foi extorquido e que aceitou fazer o pagamento para comprovar o crime. Ele não sofreu sanções no clube.

Por sua vez, Mané da Carne coleciona ofensas a jornalistas, mulheres e conselheiros e conselheiras. Até agora não teve nenhuma punição pedida pela Comissão de Ética e Disciplina ao Conselho Deliberativo. Mané também já saiu ileso de um escândalo nas categorias de base.

Por ser um dos primeiros aliados que Andrés teve no Parque São Jorge, Mané aumentou o espaço que já tinha durante a presidência de Alberto Dualib. Quando Andrés foi Deputado Federal, o conselheiro atuou como seu secretário de gabinete.

Em 2020, após ser indagado por outro membro do Conselho num grupo de WhatsApp, ele afirmou que sua filha fez estágio no departamento de marketing do clube e depois foi contratada porque gostaram do trabalho dela.

Hoje, Mané é o maior símbolo de conselheiro que pensa que pode fazer o que quer no Corinthians. É a personificação de uma grande turma que fortalece o amadorismo no clube.

Esse tipo de comportamento tem o efeito de um tremor de terra que começa no Parque São Jorge, passa pelo CT e provoca terremoto em Itaquera.

A crítica pública a personagens que não entram em campo, mas fazem parte dos problemas, como Mané e Jaça, é um estímulo para que o Corinthians trate seus males com profundidade.