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Conheça o VAR light. Ele promete chegar aonde o árbitro de vídeo não chega
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Sob a batuta da Fifa, está em desenvolvimento um VAR com menos recursos e custo menor em relação à versão tradicional. Trata-se do VAR light, tecnologia que já tem sido testada no Brasil.
A nova ferramenta é vista pela Fifa como instrumento de democratização da arbitragem de vídeo, pois ela poderá chegar a eventos com menor capacidade financeira e que hoje estão barrados do baile. O VAR tradicional continuará nos campeonatos de primeira linha.
A Fifa não fechou o formato definitivo do novo modelo. Reunião de grupo da federação internacional, em outubro do ano passado, previa para o início da temporada 2023/2024 na Europa (depois da metade deste ano) a implantação definitiva da versão light. A Fifa não respondeu à reportagem quando o modelo final será homologado.
VAR x VAR light
Documento da Fifa aponta que o VAR light pode atingir redução de custos de até 50%. Segundo Daniel Bernardino de Campos Ferreira Neves, gerente de novas tecnologias da 2Live, uma das empresas que disponibilizam o novo modelo no Brasil, a operação pode custar de um terço a um quinto do preço do sistema tradicional. "O valor é difícil de falar porque depende muito da logística que a gente vai encarar. Mas pode ficar entre R$ 8 mil e R$ 15 mil por jogo", afirmou Neves.
Segundo Paulo Silvio dos Santos, presidente da comissão de arbitragem da Federação Cearense de Futebol, a entidade gasta R$ 25 mil por partida que faz com o VAR tradicional.
O protocolo autorizado para testes prevê que o VAR light pode ser usado com no mínimo quatro câmeras e no máximo oito. O modelo tradicional, normalmente, conta com até 18 câmeras. Nos dois casos, são usadas câmeras das equipes de TV.
Cada kit de VAR light da 2Live trabalha com quatro câmeras. "Hoje, as transmissões usam no mínimo seis câmeras. O VAR light, pela proposta inicial deles, custa R$ 12 mil para quatro câmeras. Com oito câmeras vai para R$ 24 mil. Aí não compensa. O tradicional, eu contrato por R$ 25 mil", disse o presidente da comissão de arbitragem da Federação Cearense, citando quantias diferentes em relação ao gerente da empresa. A Federação do Ceará usou o sistema sem custos, como degustação. Pagou apenas despesas de deslocamento e estadia do pessoal da empresa, que é de São Paulo.
Uma das principais diferenças entre os modelos é que o light não traça linhas para checar impedimento. Ele também não tem operador de replay. O árbitro de vídeo faz esse trabalho.
Relatório produzido pela Federação Polonesa aponta que a versão enxuta usa três monitores na sala do VAR contra seis do modelo original. É corriqueiro o uso no Brasil de oito monitores no sistema tradicional.
O VAR light da 2Live trabalha com dois monitores e um iPad, no qual é operado o replay. O tablet substitui um dos dois computadores que costumam ser usados na versão tradicional. Outra diferença é que o modelo light da 2Live não tem sistema de comunicação por áudio entre os árbitros. É preciso ter equipamentos independentes.
Vantagens e desvantagens
O preço reduzido em relação à versão "completa" é a principal vantagem do VAR light. Ela provoca outra: a possibilidade de uso em competições de menor porte.
O modelo menos sofisticado também tem como ponto positivo o fato de poder ser usado em estádios acanhados, já que exige uma sala menor.
O transporte dos equipamentos é mais fácil. "O VAR tradicional usa um computador de mais ou menos 60 cm de largura por 1,20 m de altura. O light usa uma caixinha, que cabe numa mochila", comparou o presidente da comissão de arbitragem da Federação Cearense. A "caixinha" é o equipamento que recebe os sinais de quatro câmeras e os envia para os servidores.
A Federação Polonesa aponta entre as desvantagens do VAR Light menor quantidade de evidências e menor precisão por causa do número inferior de câmeras.
A ausência das linhas de impedimento é outra desvantagem. No mesmo pacote está a inexistência de operador de replay, o que faz com que o processo de decisão seja mais longo, de acordo com o estudo polonês.
1,2,3, testando
Os testes precisam de autorização da Fifa, que recebe relatórios sobre eles. Além da utilização online, é possível fazê-los de forma off-line (o árbitro de campo não tem acesso às análises do VAR light).
As federações de São Paulo, Goiás, Ceará e Distrito Federal já experimentaram o sistema. O modelo da 2Live foi usado por todas elas. A federação do Distrito Federal testou também o sistema da Broadmedia. O profissional indicado pela empresa para falar sobre o assunto, porém, não concedeu entrevista até a publicação desta reportagem.
Em 2022, num jogo da categoria sub-20, a Federação Paulista fez um teste off-line com o VAR light da empresa Dartfish. O modelo da 2Live foi testado nas semifinais dos campeonatos Brasiliense, Goiano e Cearense. Todos na primeira divisão.
O que diz a CBF
Wilson Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, afirma que assim que a Fifa definir os modelos de VAR light definitivos, a confederação adotará a nova tecnologia. "Em princípio, o VAR light é para ser usado em categorias menores, sub-20, sub-17, no futebol feminino fora da principal divisão. Assim como nas fases iniciais da Série D e da Série C, porque reduz o custo", disse Seneme.
Ele vê a nova versão como boa opção para ajudar a detectar erros grosseiros em competições fora da elite. "A grande dificuldade é que até agora a Fifa não conseguiu reproduzir um modelo de economia. Normalmente, o VAR light, para fazer economia, perde muita qualidade", ponderou Seneme.
O que diz quem testou
No meu jogo, todos os lances de possível impedimento a gente conseguiu matar sem a linha [de impedimento traçada pela VAR tradicional]"
Magno Cordeiro, árbitro de vídeo sobre atuação no Campeonato Cearense
Uma das coisas que ainda pegam é você integrar a comunicação no vídeo"
Ednilson Corona, membro do Comitê de Assessoramento ao VAR da Federação Paulista de Futebol
A versão light é uma excelente alternativa para auxiliar com a Justiça esportiva"
Marrubson Melo, presidente da comissão de arbitragem da Federação de Futebol do Distrito Federal
O VAR light pode chegar na sua pelada?
A resposta é "sim", segundo o gerente de novas tecnologias da 2Live. "É uma questão de tempo, eu acho. Estou batalhando nesse nível também. O mais caro, é a captação das imagens", afirmou Neves. Não seria preciso seguir as exigências feitas pela Fifa, o que significa menos gastos.
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