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OPINIÃO

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Ancelotti vira escudo para crise administrativa na seleção brasileira

18/06/2023 11h10

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Involuntariamente, Carlo Ancelotti virou um escudo para blindar a CBF da crise administrativa pela qual passa a seleção brasileira.

A ação do técnico do Real Madrid é involuntária porque publicamente ele já disse que quer cumprir seu contrato com o Real Madrid, que vai até o fim de junho de 2024.

Porém, seja nos bastidores ou em pinceladas de seu presidente, Ednaldo Rodrigues, nas entrevistas, a CBF alimenta a possibilidade de esperar até a metade do ano que vem pelo treinador.

O noticiário da seleção é dominado pelas negociações com Ancelotti. Ao menos boa parte da torcida está empolgada com a possibilidade de um dos treinadores mais vencedores da história dirigir a seleção brasileira.

Nesse cenário, pouco se fala da gravidade do momento que o time canarinho passa. O Brasil está há seis meses sem treinador permanente e pode ficar mais seis sendo tocado por um técnico interino.

A seleção também está há meio ano sem um coordenador "titular", cargo que era ocupado por Juninho Paulista. Ou seja, não há um dirigente com perfil técnico atuando na escolha do novo treinador. O trabalho cabe a um cartola, o presidente da CBF, que tem muitos outros afazeres.

Pense no seu time com um técnico interino por seis meses e sem diretor de futebol. Seria ou não uma crise administrativa?

No caso da CBF, já foram jogados fora seis meses que poderiam ser usados para reformular a seleção brasileira e montar um novo projeto para ela. Algo estrutural, mais profundo e duradouro do que a busca pelo título Mundial em 2026.

Para chegar à próxima Copa do Mundo, o Brasil precisa se classificar nas Eliminatórias. Seriam seis jogos no torneio classificatório (um terço do total) sem o treinador principal. Além disso, a Copa América do ano que vem começa em 14 de junho.

A questão não é só saber se o atual técnico interino, Ramon Menezes, está preparado para tocar a seleção nesses jogos. O ponto mais importante é: como fica o planejamento a longo prazo?

Se vingar a ideia de Ancelloti assumir após o término de seu contrato, como será o período de transição? Será possível o italiano assumir a seleção sem uma brusca mudança de rota? Quanto tempo Ancelotti levaria para se adaptar ao cargo?

Fazer essas perguntas é atravessar a cortina de fumaça na qual se transformou o desejo da CBF de contratar o italiano e se deparar com a bagunça que é a preparação da seleção para as próximas competições.

A CBF acertou em esperar por Carlo Ancelotti?

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