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Longe de ser zebra, derrota do Brasil para Senegal apenas reflete realidade
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A derrota da seleção brasileira para Senegal, por 4 a 2, de virada, nesta terça (20), não foi zebra nem um escândalo. O fracasso no amistoso em Lisboa apenas retrata o estágio atual do futebol brasileiro.
O Brasil venceu sua última Copa do Mundo em 2002. De lá para cá, entrou em profunda decadência. Nos cinco Mundiais seguintes, o time canarinho caiu quatro vezes nas quartas de final.
Quando chegou às semifinais, jogando em casa na Copa de 2014, levou o histórico 7 a 1 da Alemanha.
Ao mesmo tempo, os rivais evoluíram. A conclusão óbvia é que a seleção pentacampeã do mundo não é mais favorita diante de muitos dos adversários pelos quais antes passava com facilidade.
Senegal é um deles. Hoje, a situação é de equilíbrio entre as duas seleções. O amistoso em Portugal era um jogo sem favorito. Venceu quem jogou melhor.
A bagunça no time nacional, que já está há seis meses sem definir um treinador permanente para o lugar de Tite e sem coordenador, ajudou o adversário. Mas esse não foi o único motivo para a derrota.
Em tese, se a CBF já tivesse efetivado bons técnico e coordenador, os senegaleses encarariam um oponente mais organizado. No entanto, o problema do Brasil é maior. A confederação precisa entender o cenário atual do futebol mundial. Nessa mapa, a seleção brasileira não é mais aquela equipe que só não é favorita contra um grupo reduzido de seleções. O equilíbrio aumentou de maneira gigantesca na modalidade esportiva mais popular do mundo. Quem não se organiza se trumbica. E Senegal esfregou isso na cara da CBF.
A estratégia de esperar por Ancelotti até o fim de junho de 2024 pode funcionar, apesar de não ser a melhor escolha na minha opinião. Só que mesmo esperando pelo italiano, confederação já deveria ter iniciado uma profunda reestruturação da seleção brasileira.
É preciso diagnosticar os males que minaram a seleção nos últimos 20 anos e encontrar remédios eficientes. Humildade, organização e projeto a longo prazo são alguns deles.
Longo prazo nesse caso não é apenas deixar o mesmo treinador no cargo por duas Copas, como aconteceu com Tite. É rever e aprimorar todo o trabalho nas seleções desde as categorias de base em sintonia com os clubes.
É olhar para o que é feito de forma eficiente fora daqui e adaptar para a realidade brasileira. É fazer com que, independentemente do técnico, a seleção brasileira entenda a importância e priorize o jogo coletivo de alto nível. O talento do jogador brasileiro a cada dia faz menos diferença. Já não são poucos os rivais que também têm atletas que desequilibram. É o caso de Senegal com Mané, autor de um golaço na vitória sobre o Brasil, além de fazer outro de pênalti.
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