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Pedido de desculpas de goleiro do Santos é retrato de categoria acuada
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Torcedores do Santos atiraram fogos de artifício na direção dos jogadores, depredaram a Vila Belmiro e provocaram o encerramento antecipado do jogo com o Corinthians nesta quarta (12). Em vez de se desculparem pela baderna, eles ganharam um pedido de desculpas do goleiro santista João Paulo.
As declarações do atleta santista retratam não só um time, mas uma categoria profissional acuada por torcedores violentos.
"Primeiramente vou pedir desculpa ao torcedor, infelizmente hoje foi uma vergonha, não digo nem pelo resultado em si, mas pela forma que foi, pela sequência negativa que a gente vinha", disse João Paulo ao SporTV. Ele também afirmou: "Tivemos reunião com a torcida, tivemos uma cobrança, sabíamos que tínhamos que fazer diferente. Nós tínhamos que buscar a vitória. Derrotas, empates, vitórias, dentro do futebol é normal, acontece, mas o que pesa é a sequência que a gente vem tendo. A gente sabe da força que temos dentro da Vila Belmiro e a gente está perdendo aos poucos essa força e isso vai complicando a nossa caminhada. Só pedir desculpas ao torcedor. Infelizmente, hoje é uma mancha na história do Santos".
Percebeu a inversão de papéis? Quem deveria pedir desculpas são os vândalos que tocaram o terror na Vila e devem provocar punição ao time, não o goleiro. A mancha na história do Santos é o comportamento violento de parte de sua torcida, não o desempenho do time.
Porém, é compreensível o fato de João Paulo agir como se ele e seus companheiros tivessem feito algo vergonhoso. Quem está acuado mede as palavras. Peitar vândalos que têm acesso ao seu local de trabalho não é fácil. Falta segurança para isso. O comportamento de João Paulo mostra a fragilidade dos atletas na relação com a ala violenta das torcidas de seus times.
Eles têm que se reunir com quem os intimida. Às vezes não conseguem nem descer do ônibus, como os corintianos antes do clássico. E até precisam fugir de fogos de artifício atirados por quem deveria apoiá-los, como ocorreu com os santistas na derrota por 2 a 0 para o Corinthians.
Esse quadro afeta todos os times populares do país em momentos de crise há décadas. É preciso que as autoridades de segurança pública sejam mais eficientes na prevenção e no combate à violência nos estádios. É necessário mais investimento nessa área. As revistas não podem continuar sendo apenas manuais, o que facilita a entrada de bombas nas praças esportivas. Ou os órgãos responsáveis viram o jogo contra torcedores criminosos ou nos acostumaremos a ver vítimas de violência pedindo desculpas.
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