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Cuidado com armadilha da Fifa! Neymar está atrás de muita gente na seleção

A conta da Fifa que coloca Neymar como maior artilheiro da seleção brasileira em jogos que ela considera oficiais é uma armadilha estatística.

Essa arapuca montada com números pode fazer com que a distância do jogador do Al-Hilal para o Rei pareça menor do que é. A ginástica estatística da entidade internacional pode fazer muita gente pensar que Neymar é o atleta mais importante que já vestiu a camisa do Brasil depois de Pelé.

Ele não é. E a própria contagem da Fifa, que desconsidera amistosos da seleção com clubes e combinados, dá a dica de que existem mais jogadores entre Neymar e Pelé.

Para desarmar a armadilha montada pela Fifa, é preciso examinar o número de jogos dos goleadores.

Neymar tem 125 partidas oficiais pela seleção e 79 gols na conta da entidade. Pelos mesmos critérios, Pelé contabiliza 91 jogos oficiais e 77 gols.

Assim, a média de gol por partida do jogador do Al-Hilal, nos cálculos da federação internacional, é de 0,63 contra 0,84 de Pelé.

Mas não é só o Rei que ostenta média de tentos por jogo maior do que a de Neymar, seguindo os critérios da Fifa .

Romário é quem tem a melhor média de gol por partida depois de Pelé, aproximadamente 0,79. Vale lembrar que o Baixinho tem um título mundial com a seleção, conquistado em 1994, algo que Neymar não possui.

Zico também tem marca superior à do ex-jogador do PSG. Sua média é de 0,68 gol por jogo com a amarelinha. Ronaldo tem marca igual à de Neymar e é campeão mundial.

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O site da Fifa traz a relação a seguir com parte dos goleadores do Brasil em Copas do Mundo que estimula a reflexão:

Ronaldo - 15 gols em 19 jogos.

Pelé - 12 gols em 14 jogos.

Ademir de Menezes - 9 gols em 6 jogos.

Jairzinho - 9 gols em 16 jogos.

Vavá - 9 gols em 10 jogos.

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Leônidas da Silva- 8 em 4 jogos.

Rivaldo - 8 gols em 14 jogos.

Neymar - 8 gols em 13 jogos.

Careca - 7 gols em 9 jogos.

O que vemos é que quanto mais nos informamos sobre jogadores que vestiram a amarelinha mais entendemos que é preciso evitar comprar o recorte oferecido pela Fifa fechado em Neymar e Pelé.

Estabelecer quem foi mais importante, maior ou melhor na seleção brasileira ou num clube é um exercício de subjetividade.

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É justamente aí que mora o perigo na lista da Fifa liderada por Neymar. Ela pode interferir na subjetividade de quem a analisa.

O risco de isso acontecer aumenta se a frase exaltando a marca de Neymar estiver incompleta, sem a parte que explica que os cálculos não contam gols feitos por Pelé em jogos que entidade não considera oficiais. São 18 bolas enfiadas na rede pelo Rei que são desprezadas pela federação internacional.

A frágil polarização entre Pelé e Neymar pode desprezar a história de muita gente que foi mais importante para a seleção do que Neymar. Pelo menos na opinião deste colunista. Antes de colar no Rei, Ney precisaria superar em importância para a seleça nomes como Garrincha, Vavá, Didi, Nilton Santos, Romário, Ronaldo, Jairzinho, Rivaldo, Leônidas da Silva, Ademir de Menezes, Rivellino, Gérson, Tostão, Ronaldinho Gaúcho, Sócrates, Zico... A lista é longa. Fique à vontade para completá-la.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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