Dificuldade contra Peru foi normal. Anormal é o que CBF faz com a seleção
As dificuldades enfrentadas pela seleção brasileira para vencer o Peru, nesta terça (12), por 1 a 0, com um gol no final, foram normais. Isso porque foi apenas o segundo jogo sob o comando de Fernando Diniz.
A queda de desempenho em relação à estreia do Brasil nas Eliminatórias da Copa de 2026, na vitória por 5 a 1 contra a Bolívia, também está dentro da normalidade. Afinal, o primeiro jogo foi em casa, contra um adversário mais fraco do que o enfrentado na segunda partida, fora do território brasileiro.
O que não é normal é o que a CBF faz com a seleção brasileira, obrigando os jogadores a passarem por uma transformação radical no estilo de jogo sem garantia de que a mudança será duradoura.
Diniz tem contrato por apenas um ano. A CBF espera que Carlo Ancelotti assuma a seleção na Copa América, prevista para acontecer entre junho e julho do ano que vem.
Assim, não se sabe quanto do trabalho do técnico brasileiro será aproveitado pelo italiano.
E o que Diniz desenvolve é um projeto extremamente autoral, com diferenças significativas em relação ao que Tite fazia e ao que Ancelotti costuma fazer.
Os jogadores que já vinham trabalhando com o antigo técnico da seleção estão tendo que se adaptar a uma forma de jogar bem diferente.
O problema é que, quando Ancelotti chegar, provavelmente, eles terão que encarar novas mudanças. Por exemplo, o italiano não costuma usar tanto a saída de bola com toques desde a defesa e a marcação alta, duas características do dinizismo.
A seleção já trocou o estilo posicional, no qual cada atleta atuava a maior parte do tempo na mesma faixa de campo, pela movimentação constante e em bloco, da defesa ao ataque, exigida por Diniz.
Não é pouca alteração. Nos dois primeiros jogos foi visível o esforço dos atletas para se adaptarem às novas exigências.
A pergunta que fica é qual a razão para submeter os jogadores a toda essa transformação, se um novo técnico vai chegar no próximo ano?
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF criou uma anomalia: o treinador interino com contrato de um ano.
Se o cartola considera Diniz bom o bastante para ficar 12 meses no comando da seleção, deveria confiar nele para o ciclo inteiro, até a Copa de 2026. Se não confia, que contratasse outro para tocar a missão do começo ao fim.
A opção abraçada pelo dirigente, de troca programada no meio do caminho, é incomum. E os nomes escolhidos para o projeto, com suas diferenças de estilo, obrigam os jogadores a darem uma guinada radical na forma de jogar agora com o risco de mudança considerável a partir do segundo semestre do ano que vem.
Oscilações em início de trabalho, como as apresentadas nos dois primeiros jogos do Brasil sob o comando de Diniz, fazem parte do processo de construção. A aberração é o projeto numa seleção já começar com prazo de validade de apenas um ano. Em se confirmando a chegada do italiano, mesmo que ele queira aproveitar boa parte do que Diniz implantar e até ter o brasileiro como assistente, é inegável que haverá uma ruptura, por menor que ela seja. Os jogadores que lutem.
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