De parque a 'hotel', os planos de André Negão para arena do Corinthians

Também está nos planos fazer com que o estádio receba, entre outros eventos, "shows de artistas renomados nacionais e internacionais".

"Temos um projeto de acomodações de um hotel dentro do estádio", aponta outro ponto do programa.

A seguir, confira as respostas de André Negão para as perguntas enviadas por escrito pela coluna para sua assessoria de imprensa.

Seu programa fala em transformar o entorno da arena num parque multiuso. Pode explicar melhor o projeto?

André Negão - Temos tido conversas com setores da administração pública, consultando informalmente sobre a visibilidade do projeto, por intermédio do nosso vice, [vereador e presidente da Câmara Municipal de São Paulo] Milton Leite. Todos são positivos em relação a essa transformação ali em Itaquera, com base numa parceria público-privada.

A intenção é que a gente possa povoar o entorno da arena, a fim de que o interior seja visitado com mais frequência, beneficiando todos os negócios existentes lá dentro.

O simples aumento desse fluxo já seria positivo, mas vemos um potencial ainda maior de lazer e entretenimento na região, puxado pelo magnetismo da marca Corinthians e beneficiando parceiros e a população, que se identifica com o clube e entenderia a arena como um aparelho seu.

Não se deve esquecer do Hub Fiel, projeto que integra diferentes negócios dedicados a colaborar no desenvolvimento de empreendedores e tem como principal objetivo atrair grandes marcas para acelerar empreendimentos de impacto na zona leste paulistana e promover oportunidades para públicos diversos, com capacitação profissional, inclusão digital e geração de emprego e renda.

Outro plano é a realização de shows na arena. Esses shows utilizariam o gramado? Como conciliar jogos e shows? O Corinthians aceitaria jogar em outro estádio para alugar a arena para shows?

André - Já existe um regime de shows na Neo Química Arena, que preserva o melhor gramado e permite exploração de eventos. Não tem mistério. É o que já está acontecendo. Um exemplo é o evento Tardezinha com Thiaguinho. Vamos disputar agressivamente os melhores shows e eventos com outras arenas, mas sem afetar nossos mandos de campo.

Seu projeto prevê também acomodações de hotel dentro do estádio. Em que área da arena ficaria o empreendimento? Quanto custaria a obra e de onde viriam os recursos? Quanto tempo levaria a obra? A arena precisaria passar por uma interdição parcial por medida de segurança? A Prefeitura já foi consultada e respondeu se é possível ter um hotel no local?

André - Esse é um projeto que já vinha sendo gestado pela administração do Duilio [Monteiro Alves, atual presidente]. A adaptação é relativamente simples. Camarotes corporativos serviriam como acomodações cumprindo o papel de hotel. O ambiente interno contará com cômodos como sala, quarto, cozinha e banheiro, além de instalações como chuveiro, cama, sofás, entre outros.

Como será feito o upgrade de setores previsto em seu programa em partidas com menor procura por ingressos?

André - Nossa intenção, que está em desenvolvimento, é um sistema de inscrição e distribuição de senhas via app, que levaria em conta os pontos de frequência ou as moedinhas do app Universo SCCP. Seria mais um tipo de resgate.

Conforme o preenchimento de assentos do estádio, essas pessoas seriam contatadas pouco antes da partida podendo optar por assentos em outros setores da arena.

A ideia é transferir o memorial localizado hoje no Parque São Jorge para a arena?

André - Não. São projetos distintos e que devem funcionar de forma complementar. O memorial do Parque São Jorge conta a história do Corinthians e preserva as taças originais ganhas ao longo dos anos. Inclusive existe um projeto para que o local na sede social passe por reformas.

Na Neo Química Arena a ideia é realizar uma ampliação de um memorial que contemple todos os setores da arena. Atualmente, o Setor Oeste conta com o Museu do Povo, local que abriga peças de colecionadores, além da Calçada da Fiel, que contou com uma votação da torcida. Os escolhidos ganharam uma estrela com o seu nome.

O projeto visa ainda aproveitar e expor novos objetos cedidos por colecionadores e criar espaços de exposição para que todos os setores (Leste, Norte e Sul) sejam contemplados.

Isso permitiria que as peças pudessem passar por um rodízio dentro da própria arena e que os torcedores, com isso, tivessem acesso a um pouco da história do clube nos dias de jogos.

Além disso, os locais e as peças serviriam como mais um atrativo para os dias sem jogos. A ideia é que com a reforma que vem sendo feita pela [empresa] Caio nos ônibus Mosqueteiros I e II, os veículos sejam usados para proporcionar um Tour completo que oferecerá ao público visitas casadas e guiadas que iniciem no Marco Zero de Fundação, no Bom Retiro, passem pelo Parque São Jorge e se encerrem na Neo Química Arena.

Haverá mudança na atual política de ingressos para a arena? Se sim, qual?

André - O Fiel Torcedor já passou por uma grande reformulação, com a criação de novos planos (Meu Amor e Fiel Digital). A questão agora é por onde a compra vai ocorrer. O Corinthians vai ser o único clube do Brasil em que o torcedor fará todo seu relacionamento com o clube através de um único aplicativo. Isso já avançou bem e será dada sequência na gestão André Luiz Oliveira.

O valor do ingresso será mantido nos mesmos patamares dos preços praticados atualmente. Hoje, o ingresso popular custa a partir de R$ 35 para o Fiel Torcedor. Os valores praticados estão entre os preços de ingressos mais baratos dentre os programas de sócios-torcedores do país e a ideia é que essa precificação seja mantida.

Em 2022, a média de público do Corinthians foi de 37.823 e a expectativa é que haja um aumento ao término da atual temporada. Isso significa que os torcedores de várias camadas sociais continuam conseguindo pagar pelo ingresso. A lógica continua sendo essa: quem pode pagar mais, paga mais, e isso permite que o torcedor na outra ponta continue podendo pagar menos.

Além disso, temos mais dois projetos. Um é o de dar continuidade ao Time do Povo, que atende crianças entre 6 e 12 anos. O programa consiste em propagar o corintianismo e oferecer lazer oferecendo oportunidades como visitas monitoradas na Neo Química Arena, no Parque São Jorge, entrada em campo com jogadores e, claro, acompanhar partidas. O outro será a criação de um programa com uma cota de ingressos para atender as famílias corintianas de baixa renda cadastradas no CadÚnico a preços bem populares para que possam assistir aos jogos.