Duilio deturpou seu papel de presidente ao atacar opositor em sabatina
Em entrevista concedida na última sexta (10), Duilio Monteiro Alves deu sua maior demonstração de fidelidade ao Renovação e Transparência, grupo político liderado por Andrés Sanchez. Ao mesmo tempo, enquanto falava como presidente do Corinthians, o dirigente se comportou como cabo eleitoral de André Luiz Oliveira, o André Negão, numa deturpação de seu papel na presidência.
Em vídeo para anunciar a entrevista para seis setoristas convidados pelo clube, Duilio disse: "quero mostrar para você, Fiel, tudo o que fizemos nesses últimos três anos".
Tratava-se, formalmente, de um evento sobre a gestão do atual presidente, não um ato de campanha eleitoral. Tanto que Duilio chamou o encontro de sabatina.
De fato, a maior parte do tempo foi usada com perguntas e respostas sobre a administração do filho de Adilson Monteiro Alves.
Porém, lá pelas tantas, Duilio atacou ferozmente Augusto Melo, candidato de oposição à presidência do clube na eleição do próximo dia 25. Ao mesmo tempo, ele defendeu o candidato situacionista, André Negão. O comportamento foi o de quem participa de um debate eleitoral, não o de um gestor que recebe jornalistas para falar sobre seu trabalho.
O protocolo de uma entrevista sobre balanço de mandato foi triturado especialmente quando Duilio pegou seu celular para mostrar um áudio de Augusto. "É machista, e o áudio é verdadeiro. Eu faço questão, eu não queria entrar nisso, mas tem coisa que a gente tem que falar, porque é o Corinthians", afirmou o cartola antes de mostrar a gravação.
Duilio também criticou outros áudios do opositor, que são verdadeiros de acordo com perícia revelada pela coluna de Diego Garcia no UOL.
Entre outros ataques, o presidente se dirigiu diretamente aos associados, que são os eleitores, e chamou o oposicionista de aventureiro.
Com essa postura, Duilio fez campanha num evento organizado formalmente com outra finalidade e com transmissão ao vivo pelo Universo SCCP, plataforma digital do clube, e da Corinthians TV, entre outros sites. Não é exagero dizer que em determinados momentos Duilio aproveitou a máquina do Corinthians e o alcance da instituição para fazer campanha política, sem constrangimento.
A falta de cuidado com as formalidades que o seu cargo exige foi proporcional à prova de lealdade a Andrés Sanchez, que bancou a candidatura de André Negão.
No começo da campanha, parte dos situacionistas tinha dúvidas se Duilio abraçaria o candidato situacionista. Se ele devia algum sinal de apoio aos companheiros políticos, não deve mais.
Opinião
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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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