'Não é revanchismo, é fiscalização', diz oposição corintiana sobre pedido
O pedido da cúpula oposicionista para que o Conselho Deliberativo (CD) do Corinthians faça uma reunião sobre a negociação com a VaiDebet aumentou a temperatura política no Parque São Jorge.
O requerimento que tem entre seus signatários Andrés Sanchez, líder do grupo Renovação e Transparência (RT), pede a convocação da reunião para, entre outros objetivos:
"Apresentação, discussão e votação da expedição de ofício endereçado à diretoria executiva do clube, com fim de pedir explicações quanto à conveniência e oportunidade de realização do contrato de publicidade com a empresa VaideBet e do eventual contrato de comissão com a empresa que intermediou o negócio".
Apoiadores do presidente Augusto Melo dizem que o RT é que deveria explicar operações que teriam endividado a agremiação enquanto estava no poder.
A ala comandou o Alvinegro de 2007 a 2023. Internamente, os opositores são acusados de agir politicamente para tumultuar o Parque São Jorge.
Por sua vez, os oposicionistas negam que a medida seja política. Dizem que atuam como líderes, representando seus eleitores e exercendo o dever de fiscalizar a gestão.
Uma das críticas foi feita pelo ex-jogador Dinei, que apoiou chapa aliada de Augusto durante a eleição de novembro do ano passado.
"Vocês não têm nem vergonha na cara. Vocês querem esclarecimento do cara que vocês deixaram uma dívida bilionária? Vocês que tinham que dar esclarecimento para nós, corintianos", bradou Dinei em vídeo gravado por ele.
Além de Andrés, André Luiz Oliveira, o André Negão, Jorge Kalil e Antônio Jorge Rachid Junior são os autores do requerimento, datado do último dia 29.
"Em hipótese alguma estamos aqui para fazer revanchismo. O André teve mais de 30% dos votos para a presidência do clube. Eu tive 40% dos votos para a presidência do Conselho. Estamos representando pessoas que votaram em nós e que não podemos deixar no vácuo", disse Kalil.
"Essas pessoas querem explicações. Estamos exercendo nosso papel de liderança de maneira responsável", afirmou o conselheiro vitalício.
Derrotado por Augusto na última eleição presidencial, André segue linha semelhante. "Devo satisfações a quem votou em mim, sim. Não estou tumultuando. Tenho a obrigação de fiscalizar [a gestão]. Estou dando satisfação para os [cerca] de 34% dos [associados] corintianos que votaram em mim", declarou André.
Contradição?
No requerimento endereçado ao presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, é relatada uma reunião de Augusto com os autores do pedido, além de outros membros do CD e de integrantes da diretoria.
Segundo o documento, no encontro, o presidente do clube afirmou que a VaiDbet procurou o Corinthians para negociar o patrocínio. E que "as relações comerciais foram realizadas por ele próprio [Augusto] e o Sr. Marcelo Mariano dos Santos, o Marcelinho, diretor administrativo". Marcelinho estava presente.
Os opositores narram também que a imprensa noticiou que houve pagamento de comissão de R$ 25 milhões.
Além de pedirem explicações sobre a operação, os opositores querem a apresentação dos comprovantes dos pagamentos feitos pela VaideBet ao clube. Também é solicitado que sejam mostrados documentos de eventuais valores pagos para terceiros na negociação.
A informação de que o Corinthians se comprometeu a pagar R$ 25,2 milhões de comissão para a empresa Rede Social Media Design foi publicada primeiramente pela Gazeta Esportiva e confirmada pela coluna.
O que diz o presidente do CD
Procurado pela coluna nesta quarta (1), Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo, disse: "estou fora de São Paulo, não recebi oficialmente o requerimento [protocolado na secretaria do órgão] ainda, até por conta do feriado. Só vou poder analisar na segunda-feira".
Augusto
A coluna perguntou ao presidente do Corinthians, por meio da assessoria de imprensa do clube, se ele confirma o relato dos opositores sobre a reunião que tiveram.
A resposta foi a seguinte: "O clube não irá se pronunciar no momento, e aguarda o andamento dos fatos".
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