Superintendente de marketing do Corinthians pede licença e nega acusações
Sergio Moura, superintendente de marketing do Corinthians, pediu, nesta quinta (23), licença por tempo indeterminado de seu cargo. A decisão está relacionada aos desdobramentos do pagamento de comissão por parte do clube para a Rede Social Media Design. A empresa tem direito a R$ 25,2 milhões por intermediar o contrato de patrocínio com a VaideBet.
O dirigente diz que tomou a medida para adotar providências contra calúnias, difamações e injúrias que ele afirmou ter sofrido. Moura promete apresentar à polícia uma queixa-crime, mas não declara quem serão os alvos. "Recebi cinco ou seis ameaças de integridade física", contou.
Ele sustenta que foi acusado sem provas de envolvimento com empresa usada como laranja, por exemplo. "Vou dar um tempo para as pessoas provarem o que falaram de mim. Se não provarem, serão processadas", disse Moura.
O afastamento temporário foi anunciado por Moura em entrevista a grupo de jornalistas convidados por ele nesta quinta, no Parque São Jorge. A coluna foi convidada.
Ele disse que ainda não sabe se continuará recebendo salário durante o afastamento. Com a licença, Moura acredita que pode estancar o "sangramento do clube" por causa do episódio.
"Com essa decisão, espero provar minha inocência, mas, também, eu quero poupar o Corinthians, essa instituição secular, e também o seu presidente, Augusto Melo", disse Moura em depoimento gravado.
"Quero também poupar a minha família, que nos últimos dias vem sofrendo ameaças. Ameaças de criminosos, que tentam deturpar a minha imagem e têm atacado todos os meus familiares", declarou o superintendente em outro trecho.
"Perdi uma empresa para patrocinar a camisa. Poderiam ser dois patrocínios da mesma empresa. Eles disseram que o compliance deles não autorizou em virtude do noticiário", falou Moura aos jornalistas.
Augusto Melo, presidente do Corinthians, vinha sendo cobrado por alguns dos membros de sua diretoria para afastar o dirigente. A pressão também era exercida por conselheiros da base aliada do principal cartola alvinegro.
Na última segunda (20), Augusto ouviu numa reunião com alguns dos integrantes de sua administração pedidos pela saída de Moura e do diretor administrativo, Marcelo Mariano, o Marcelinho, que segue no cargo.
No mesmo dia, o blog do jornalista Juca Kfouri, no UOL, havia mostrado existir indício de uso de laranja em movimentação financeira da empresa paga por intermediar o acordo entre o Alvinegro e o site de apostas. A operação não envolve contas do clube.
O superintendente de marketing começou a ser pressionado quando reportagem da "Gazeta Esportiva" mostrou que o Corinthians se comprometeu a pagar R$ 25,2 milhões de comissão para Rede Social Media Design pela intermediação do acordo com a VaideBet.
Alex Cassundé, dono da intermediadora, já era conhecido por Moura, que o chamou para trabalhar com sua empresa na campanha eleitoral de Augusto. "Somos colegas de profissão", afirmou o superitende. Ele nega ser amigo íntimo de Cassundé.
O ex-diretor de futebol Rubens Gomes disse à "TV Gazeta" que ouviu de Augusto que o próprio presidente tocou a negociação com a VaiDebet, antes de vir à tona o pagamento parcelado da comissão.
Moura nega ter cometido irregularidades e defende a lisura do contrato de intermediação.
A reportagem que aumentou a pressão sobre Moura mostra que a Rede Social, após receber R$ 1,4 milhão como parte da comissão, fez transferências para uma empresa que registrada em nome de uma mulher que diz desconhecer ser a proprietária. Nenhuma conta corrente de do superintendente é citada pela publicação. Ele afirmou desconhecer a empresa que recebeu o repasse.
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