Como polícia concluiu que empresa que abalou Corinthians é de fachada
Como revelou a coluna, a Polícia Civil de São Paulo instaurou, na última sexta (7), inquérito para investigar a suposta prática de crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica no rastro da Neoway Soluções Integradas.
A empresa é de fachada, segundo apurou investigação policial preliminar, que você conhecerá em detalhes a seguir.
A empresa está envolvida no caso de suposto uso de laranja que abalou o Corinthians.
O escândalo fez a VaideBet rescindir seu contrato com o clube e provocou uma debandada de diretores da atual gestão.
Portaria de autoria do delegado Tiago Fernando Correia, da 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), mostra o passo a passo da Verificação de Procedência das Informações (VPI). Esse procedimento o levou a instaurar o inquérito.
O documento relata que Correia determinou os trabalhos por causa de "notícias propagadas em diversos veículos midiáticos, com destaque para a reportagem exibida no programa Cartão Vermelho, apresentado por Juca
Kfouri, veiculada no Canal UOL e datada de 20.05.2024".
Também foi levada em conta a existência, na mesma delegacia, de investigação para apuração do crime de lavagem de dinheiro e outras infrações penais supostamente cometidas por gestões passadas do Corinthians.
"Em síntese, foi noticiada a aparente presença de irregularidades na intermediação da negociação de um contrato de publicidade firmado pelo aludido clube com a empresa "Vai de Bet", classificado em inúmeras reportagens como o maior da história no segmento publicitário esportivo", diz trecho da portaria.
Juca Kfouri revelou em sua coluna no UOL que a Rede Social Media Design, intermediária do contrato entre Corinthians e Vai de Bet, fez transferências para Neoway após receber R$ 1,4 milhão como parte da comissão prometida pelo clube. E que a destinatária do dinheiro estava em nome de Edna Oliveira dos Santos. Ela dizia desconhecer ser a proprietária.
Um dos primeiros movimentos da equipe de investigação foi pesquisar no banco de dados da polícia a suposta dona da empresa.
Os policiais encontraram registro de ocorrência feito por Edna no 1º DP de Peruíbe. Ela relatou ter sido procurada, em 30 de abril, por uma mulher, depois identificada como Adriana. A desconhecida a questionou sobre uma transferência no valor de R$ 1 milhão feita para a empresa Edna Oliveira Santos - ME.
"Edna, conforme a versão constante no boletim em apreço, respondeu à interpeladora não só desconhecer o tal depósito, como também a existência da referida empresa", registra o documento de instauração de inquérito.
O delegado considerou a informação relevante por revelar a existência de outra empresa em nome de Edna, além da Neoway.
No último dia 4, a polícia falou com Edna por WhatsApp e explicou que ela seria notificada para ser ouvida. Houve também contato com o advogado dela, que não deu sequência à comunicação.
Endereços
Em outra frente, a equipe da delegacia se dirigiu para a Avenida Paulista, no endereço que consta na ficha cadastral da Neoway na Jucesp (Junta Comercial de São Paulo) como sendo da Neoway.
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Quero receber"Tem-se ali, na verdade, um 'coworking', intitulado 'Company Hero'. Em contato com funcionários do espaço e da própria administração do prédio, foi relatado que a empresa 'NeoWay' nunca esteve ali estabelecida. Reportagem do UOL havia mostrado que a Company Hero nega relação com a Neoway.
Imediatamente, os policiais se deslocaram para um endereço na Vila Olímpia, onde ficaria a residência de Edna, segundo os dados registrados na Jucesp.
"Lá, depararam-se com o condomínio residencial 'Camp-Life', formado por três torres, e, em contato com funcionários da gerência, foi-lhes informado inexistir qualquer cadastro de morador ou mesmo visitante em nome de Edna dos Santos", aponta o documento que instaura o inquérito.
"Evidentemente, esse contexto fático me fez concluir que a 'NeoWay' é uma sociedade de fachada, constituída fraudulentamente e utilizada, tudo indica, para a ocultação e dissimulação de valores espúrios, práticas respectivamente violadoras dos comandos penais consubstanciados nos artigos 299, caput', do Código Penal (falsidade ideológica) e 1º, 'caput', da Lei n.º 9.613/98 (lavagem de dinheiro), sem prejuízo de outras tipificações que possam eventualmente surgir com o avanço das investigações", escreveu o delegado na portaria.
Agora, ele aguarda resposta do Corinthians sobre pedidos de informações a respeito do contrato com a Vai de Bet. A próxima etapa deve ter a tomada de depoimentos. Edna e Alex Cassundé, dono da Rede Social Media Design, devem ser os primeiros a serem ouvidos.
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