Corinthians terá apuração interna sobre suspeita de vice contratar detetive

Ele também pretende procurar a polícia para confirmar se há a participação de integrante da direção do Corinthians no caso de espionagem.

"Considero grave a informação de que tem dirigente [suspeito de estar] envolvido na investigação tentando fazer o papel da polícia, especialmente contratando detetive particular para conversar com partes envolvidas na investigação policial", afirmou Tuma Jr.

A coluna enviou mensagem para o delegado Tiago Fernando Correia, responsável pelo caso, para saber da suspeita de envolvimento de Mendonça com a investigação paralela, mas não obteve resposta até a publicação deste post. O espaço segue aberto.

Por sua vez, o vice-presidente corintiano disse estar à disposição do CD. "Respeito o Conselho Deliberativo do Corinthians e estou à disposição dos nobres conselheiros. Estou certo que a comissão de Justiça do CD quer definitivamente entender todas as questões, mas principalmente o distinto final do dinheiro e se há algum envolvimento ou irregularidade no trâmite interno do clube. Esse é o objeto da respeitada e autônoma Comissão de Justiça, formada por nobres advogados, que saberão conduzir com presteza os trabalhos", afirmou Mendonça.

O dirigente não respondeu se contratou detetives particulares para investigar o caso.

"Sobre os fatos comentados na reportagem [do Fantástico], aguardo a apuração da autoridade policial competente", declarou Mendonça. A Comissão de Justiça do CD já fazia uma apuração sobre o caso Vai de Bet

A Polícia passou a suspeitar da existência de investigação paralela por causa de uma abordagem sofrida por Edna Oliveira dos Santos.

Beneficiária do Bolsa Família, ela aparece como dona da Neoway Soluções Integradas. Considerada de fachada pela polícia, a empresa recebeu transferências da Rede Social Media, intermediária do contrato de patrocínio firmado entre Corinthians e Vai de Bet. Isso após receber R$ 1,4 milhão do clube como parte da comissão de R$ 25,2 milhões prometida. A movimentação financeira foi revelada pela coluna de Juca Kfouri no UOL.

Edna alega que desconhecia ser dona da empresa. Para a polícia, ela foi usada como laranja. Antes de existir uma investigação policial Edna foi abordada por uma mulher que fez perguntas sobre as transferências.

A polícia descobriu que se tratava de Adriana Ramuno. Em depoimento, ela afirmou ter abordado Edna a serviço de um escritório de um detetive particular. É aí que Mendonça pode ter entrado na história.

"Isso pode configurar coação no curso do processo, por isso quero saber o que de fato ocorreu e o porquê", disse Tuma Jr.

Ao UOL, no último sábado (22), Cláudio Salgado, advogado de Alex Cassundé, dono da Rede Social Media, disse que seu cliente é vítima. Porém, ele não esclareceu o que houve.

No entanto, em uma contranotificação datada do dia 29 de maio, a Rede Social Media Design afirmou ter um contrato de prestação de serviços confidencial com a Neoway e que os repasses são pagamentos referentes a esse acordo.

Crise política
O caso envolvendo a Neoway abalou o Corinthians, culminando com a rescisão do contrato com a Vai de Bet e provocando uma debandada de diretores.

O grupo de Mendonça, o Movimento Corinthians Grande, desembarcou da gestão. Mesmo estremecido com o presidente Augusto Melo, ele continuou como vice-presidente por ter sido eleito.

Mendonça foi intimado a comparecer à Drade (Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), após ser citado em uma queixa-crime movida por Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing do clube.

No depoimento, o vice-presidente afirmou que foi procurado por Kfouri, que denunciou os repasses à "laranja", no início do mês passado, e, em seguida, informou Augusto.

Mendonça declarou ter orientado o presidente a iniciar imediatamente um procedimento interno de averiguação, além de suspender os pagamentos para a empresa intermediadora e solicitar a instauração de um inquérito policial.