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ReportagemEsporte

Após depoimento de Cassundé, Corinthians tem alfinetada de Rubão e pressão

A reviravolta no 'caso Vai de Bet' provocada pelo depoimento de Alex Cassundé mexeu rapidamente com o Corinthians.

Oficialmente intermediário do contrato de patrocínio do clube com a casa de apostas por meio da Rede Social Media Design, Cassundé disse à polícia nesta terça (25) que não atuou diretamente na negociação, conforme apuração da reporter Livia Camillo, do UOL.

Sua participação foi fazer o contato inicial com a empresa, após consulta no Chat GPT (sistema baseado em Inteligência Artificial). Depois, ele teria sido convidado pelo clube para participar do contrato recebendo 7% de comissão, o equivalente a R$ 25,2 milhões parceladamente.

Ainda na noite de terça, o ex-diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão, reagiu ao depoimento pelas redes sociais.
No Instagram, ele publicou uma foto de Cassundé e escreveu: "O tempo sempre revela quem é de verdade e quem é de mentira. Salve o Corinthians!". Abaixo da foto aparece o seguinte trecho de reportagem do UOL: "Cassundé diz que não fez intermediação".

Afastado da diretoria por Augusto Melo, Rubão diz que se desentendeu com o presidente do Corinthians por perguntar a ele sobre a comissão prometida para Cassundé.

O ex-dirigente sustenta que Augusto tinha dito a ele que não havia intermediário na negociação com a Vai de Bet. Por isso, ele se surpreendeu ao saber que a Rede Social aparece no contrato como intermediária. Sua versão foi contestada por Augusto.

Para pelo menos parte dos conselheiros do Corinthians, incluindo situacionistas, o depoimento de Cassundé fortalece a versão de Rubão.

Internamente, membros do Conselho Deliberativo falam em cobrar explicações do presidente e do diretor administrativo Marcelo Mariano, o Marcelinho, evidenciando o aumento de pressão sobre ambos.
Augusto assinou o contrato de patrocínio, que tem a Rede Social como intermediadora.

Segundo o depoimento de Cassundé, ele foi orientado por Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing do clube, a procurar Marcelinho, para quem passou o contato da Vai de Bet. A partir daí a diretoria tocou a negociação.

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À coluna, o diretor administrativo disse que prefere aguardar o avanço das investigações para se manifestar. Seu desligamento foi pedido até por colegas de diretoria quando o escândalo estourou, mas Augusto bancou a permanência. Por sua vez, Moura não respondeu à mensagem enviada pela coluna.

O depoimento de Cassundé provocou conversas entre integrantes dos grupos políticos no Parque São Jorge para definir como agir a partir de agora.

Membro do grupo de oposição liderado por Andrés Sanchez disse à coluna que a ala vai aguardar novos depoimentos no inquérito para definir o que fazer.

Procurado pela coluna, Fran Papaiordanou, líder do grupo União dos Vitalícios, da base de apoio a Augusto, enviou a seguinte nota:
"Nós do grupo União dos Vitalícios apoiamos a chapa de Augusto Melo contra o grupo Renovação e Transparência, que governou o clube, como todos sabem, por 17 anos.

Nosso apoio, contudo, sempre foi vigilante e acima de tudo em prol de um clube melhor e mais transparente. Caso haja efetiva comprovação de ilegalidade pela Comissão de Justiça do Conselho ou pela Polícia Judiciária e Ministério Público, tomaremos as medidas cabíveis junto ao Conselho Deliberativo (CD) para buscar responsabilizar os envolvidos".

Romeu Tuma Júnior, presidente do CD, disse que solicitará à polícia acesso aos autos para conhecer o teor do depoimento de Cassundé.

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Um dos objetivos é entender as diferenças entre o depoimento noticiado pela imprensa e a entrevista coletiva dada por Cláudio Salgado, advogado de Cassundé.

O defensor do empresário disse que houve intermediação e que há comprovação disso. Porém, ele afirmou que, inicialmente, o negócio era para a equipe feminina. E que numa negociação da qual Cassundé não tem conhecimento e foi feita internamente no clube,o acordo acabou indo também para o time masculino.

A Comissão de Justiça do CD apura o caso, iniciado com reportagem da coluna de Juca Kfouri no UOL. A publicação mostrou que, após receber R$ 1,4 milhão de comissão do Corinthians, a Rede Social fez transferências para a Neoway, registrada em nome de Edna Oliveira dos Santos.

Ela desconhecia ser a dona da empresa, que é de fachada, segundo investigação policial. O escândalo culminou com a decisão da Vai de Bet de rescindir o contrato com o Corinthians.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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