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Corinthians faz força dentro e fora de campo para ser rebaixado

Como aconteceu contra o Athletico-PR, fora de casa, o Corinthians arrancou um empate do Cuiabá, na última quarta (26) na Neo Química Arena, após estar perdendo por 1 a 0. São dois resultados enganosos. Eles deram uma sensação de alívio imediato, mas mantiveram o Alvinegro na zona de rebaixamento do Brasileirão.

Para quem venceu um só jogo na competição até aqui, empatar significa permanecer atolado na rabeira da tabela.
Prova disso é que o Timão acumula o maior número de empates (6) entre os 20 participantes da Séria A e ocupa a 18ª posição do campeonato, com 9 pontos.

A única vitória foi contra o Fluminense, último colocado com seis pontos e um jogo a menos do que o Timão neste momento.

Com a torcida e estádio que o Alvinegro tem, é preciso se esforçar para conseguir apenas uma vitória em seis jogos em casa. Foram cinco empates.

A equipe de António Oliveira não faz o básico para se impor em Itaquera. O mínimo de organização defensiva, marcação na saída de bola do adversário, de velocidade e criatividade na hora de atacar seriam suficientes para tornar a vida dos adversários mais dura na Neo Química Arena.

Mas o Corinthians parece fazer força para seguir na zona de rebaixamento. O Alvinegro não sabe agir com a bola nos pés. A defesa se especializou em lambanças. O treinador não dá fluidez ao jogo do time nem estanca os erros defensivos.

Justiça seja feita, António sofre com um elenco fraco e com erros da diretoria. A direção também atua como se fizesse força para deixar o Corinthians onde está no Brasileirão.

O português demonstrou, na entrevista coletiva após o jogo com o Cuiabá, que se sente sobrecarregado por realizar funções que não deveriam ser dele.

"Agora, realmente, tem sido um trabalho árduo, apaixonante, mas não pensei que teria que fazer tanta coisa além da minha competência técnica."

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Se o treinador é obrigado a executar tarefas que não seriam suas, a estrutura não funciona. A bagunça impera.

A declaração do técnico não surpreende. A diretoria, que assumiu um clube afundado em dívidas, abusa dos erros desde o início da gestão.

Liberar Cássio sem aumentar a multa contratual de Carlos Miguel foi uma das falhas gritantes. É verdade que ela foi impulsionada pela inaceitável redução da multa rescisória de Carlos Miguel de 50 milhões de euros para 4 milhões de euros feita pelo presidente anterior, Duilio Monteiro Alves.

Para piorar, o clube foi parar nas páginas policiais por causa dos desdobramentos da comissão paga pela intermediação do contrato de patrocínio com a Vai de Bet. O compromisso foi rescindido pela empresa por causa do escândalo que virou caso de polícia.

Com o time travado na zona de rebaixamento, o presidente Augusto Melo se vê pressionado politicamente após uma debandada de diretores. A oposição fareja o momento de tentar emplacar um pedido de impeachment.

Melo tratou com desdém o início do caso que envolve o intermediário do contrato com a Vai de Bet, Alex Cassundé, com uma empresa considerada de fachada pela polícia.
Agora o presidente vê a investigação avançar, aumentando a necessidade de ele apresentar explicações convincentes sobre como foi feita a intermediação.

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Se tivesse agido com transparência antes, talvez a situação fosse menos desconfortável e ele pudesse concentrar mais energia para ajudar o time a sair da zona de rebaixamento.

Vale lembrar que, em 2007, ano em que caiu para a Série B, o Corinthians foi assolado por denúncias envolvendo a administração de Alberto Dualib. Ele renunciou, e Andrés Sanchez foi eleito.

Os passos agora são semelhantes aos que fizeram o Alvinegro despencar para a segunda divisão. O roteiro é de um clube que parece se esforçar dentro e fora de campo para ser rebaixado.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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