Compliance vê pontos vulneráveis e CEO do Corinthians tem contrato alterado
Após análise feita pela empresa que cuida do setor de compliance do Corinthians, o departamento jurídico do clube trabalha em mudanças no contrato de Fred Luz. Ele foi apresentado como CEO alvinegro antes de o compromisso ser assinado.
Os pontos que precisam passar por ajuste são considerados vulneráveis. Entre eles está o fato de o contrato ser com a Alvarez & Marsal, da qual Luz é sócio, em vez de diretamente com o executivo.
De olho num possível conflito de interesses, os responsáveis pela área de compliance também fizeram questionamentos sobre a assessoria realizada pela Alvatrez & Marsal para o grupo que criou a LFU (Liga Forte União). O Corinthians se alinhou com a LFU para vender seus direitos de transmissão do Brasileirão a partir de 2025.
"Da nossa parte, não tem conflito de interesse nenhum, em momento nenhum. A Alvarez é uma companhia, 90% dos meus e-mails dizem respeito a 'conflito'. Cada projeto que a empresa aceite tem que ser colocado em um mapa para ver se tem conflito com alguma coisa", disse Luz em sua apresentação.
Também estão sendo discutidos ajustes para evitar conflito com o estatuto corintiano, que não prevê o cargo de CEO.
Incerteza
Entre conselheiros, há duvidas em relação a ser possível encontrar um modelo de contrato que atenda ao estatuto e que seja aceito pela empresa.
Na contramão desse sentimento, o departamento jurídico está otimista em relação a um desfecho positivo.
Reunião
Na última sexta (12), houve uma reunião no Parque São Jorge como parte das discussões sobre as mudanças vistas como necessárias.
Participaram do encontro Leonardo Pantaleão, diretor de negócios jurídicos do clube, Osmar Stabile, primeiro vice-presidente, Vinícius Cascone, secretário-geral, Pedro Silveira, diretor financeiro, e Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo.
Antes de chegar ao compliance, o contrato e a forma de atuação do CEO geraram uma discussão entre Tuma Jr. e Luz.
O presidente do CD apontou que o acordo não pode ser assinado pela empresa, pois, em eventual caso de irregularidade, ela não poderia ser responsabilizada criminalmente. O dirigente entende que Luz tem que ser contratado diretamente para o Alvinegro ter alguém para responsabilizar, se necessário. Tuma Júnior também havia indicado que o estatuto não cita a figura do CEO.
Turbulência
A análise inicial feita pelo departamento jurídico foi de que o contrato original provocaria turbulência no CD, local em que poderia ser contestado.
O trabalho agora é buscar um modelo sem vulnerabilidade e que evite complicações futuras.
CNPJ X CPF
Uma das possibilidades aventadas pela área jurídica é manter o contrato com a Alvarez & Marsal, mas indicando Luz como responsável.
Em relação ao estatuto não prever o cargo de CEO, a questão é não confundir a autoridade e as funções do executivo com as do presidente.
Existe a avaliação na área jurídica de que que esse é um tema com potencial de contestação por parte dos conselheiros.
No entanto, há segurança no departamento jurídico de que a autonomia de Augusto Melo não estaria ameaçada pelo contrato e pelo CEO.
A diretoria jurídica está em contato constante com a Alvarez & Marsal para esclarecer os questionamentos da empresa encarregada pelo compliance. O objetivo da direção é ter a nova versão do contrato pronta para ser assinada na próxima semana. Antes, o documento passará novamente pelo compliance.
Procurados, o diretor jurídico e o presidente do CD não quiseram dar entrevista. Tuma Jr. disse apenas que, no momento oportuno, o Conselho vai analisar o tema.
Por sua vez, o CEO não respondeu à mensagem enviada pela coluna nem atendeu ao telefonema.
Reportagem
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