Perrone

Perrone

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
ReportagemEsporte

Compliance em patrocínio é tema em depoimento de ex-diretor do Corinthians

Yun Ki Lee, ex-diretor jurídico do Corinthians, prestará depoimento à Polícia Civil de São Paulo nesta quarta (24), às 15h.

Ele será ouvido como testemunha na 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) no inquérito sobre o caso Vai de Bet.

Um dos temas mais relevantes da oitiva será se o contrato entre o clube, a patrocinadora e a empresa identificada como intermediária, a Rede Social Media Design, passou por um sistema de compliance. Para a polícia, a resposta vai mostrar o nível de cuidado que o clube teve com a operação.

Em seu depoimento como testemunha, o ex-diretor financeiro Rozallah Santoro disse que não havia uma empresa formalmente contratada para a realização de compliance. Segundo ele, existiam sistemas de consulta de dados que funcionários da agremiação podiam operar.

Trecho do documento que registra o depoimento de Rozallah diz o seguinte:

"Sobre o 'compliance' desse contrato lhe foi dito que os escritórios de Yun e [Fernando] Perino haviam feito a checagem de antecedentes da Vai de Bet, informação que ouviu no [departamento] jurídico".

A coluna procurou Yun e Perino, que atuava como adjunto na diretoria. Ambos disseram que não se pronunciariam antes de prestarem depoimento à polícia. Perino deve comparecer à delegacia na quinta, também como testemunha.

Em junho, Yun prestou esclarecimentos ao Conselho Deliberativo do Corinthians por meio de um comunicado. Na ocasião, o presidente do CD, Romeu Tuma Júnior, afirmou à coluna que o ex-diretor disse que "a própria direção do departamento jurídico assumiu a responsabilidade pelo 'back ground check' [checagem de antecedentes que teria feito o papel da área de compliance] dos envolvidos".

A coluna apurou que poderiam ter sido usados os serviços de uma empresa já contratada pelo Alvinegro para fazer esse tipo de checagem, que é menos profunda que o sistema de compliance.

Continua após a publicidade

Neoway

O inquérito foi instaurado após a coluna de Juca Kfouri no UOL revelar que a empresa apontada no contrato de patrocínio como intermediária, a Rede Social Media Design, transferiu dinheiro para a Neoway Soluções Integradas.
A destinatária de cerca de R$ 1 milhão foi aberta em nome de Edna Oliveira dos Santos, beneficiária do Bolsa Família e que desconhecia ser a proprietária. A investigação policial apontou que a empresa é de fachada.

A polícia e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público paulista) apuram se houve prática de lavagem de dinheiro, entre outros possíveis crimes.

Alex Cassundé, dono da Rede Social, disse à polícia que enviou dinheiro para a Neoway para pagar pela implantação de um sistema de telemedicina veterinária. Ele sustenta que o serviço, no entanto, nunca foi prestado.

O empresário também afirmou que conseguiu o contato da Vai de Bet para o clube, mas não participou da negociação comercial. Ele receberia cerca de R$ 25,2 milhões de comissão. Porém, por causa do escândalo policial, a Vai de Bet rescindiu o contrato.

Na última terça, a Justiça determinou a quebra de sigilo bancário da Neoway. Vale lembrar que a empresa apontada como sendo de fachada não fazia parte do acordo entre Corinthians e Vai de Bet. Assim, não seria possível fazer uma checagem prévia sobre ela.

Continua após a publicidade

Curiosamente, em sua oitiva, Rozallah disse que um dos sistemas de consulta de dados disponíveis para funcionários do Corinthians é de uma empresa chamada Neoway. Trata-se de outra companhia, sem ligação com a empresa acusada de ser de fachada.


Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes