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ReportagemEsporte

Corinthians e Vai de Bet esperam inquérito policial antes de cobrarem multa

O Corinthians discorda da forma como a Vai de Bet rescindiu unilateralmente o contrato de patrocínio com o clube. Porém, quase dois meses após a rescisão, o Alvinegro não tomou medidas judiciais contra a ex-parceira.

Do outro lado do balcão, o site de apostas também não foi à Justiça exigir que o clube pague multa por, na sua opinião, motivar o rompimento contratual.

Tal inércia acontece porque as duas partes querem esperar a conclusão do inquérito policial instaurado para apurar desdobramentos do pagamento de comissão pela intermediação do acordo.

A postura de espera das partes também é justificada pelo entendimento de que o prazo para entrar com uma ação na Justiça, neste caso, é de cinco anos. Não há pressa.

A Vai de Bet anunciou a rescisão em 7 de junho. A decisão aconteceu em decorrência da investigação policial a respeito de repasses de cerca de R$ 1 milhão feitos pela intermediária do contrato, Rede Social Midia Design, para a Neoway Soluções Integradas.

A destinatária do dinheiro é considerada pela polícia uma empresa de fachada. O inquérito instaurado investiga a suposta prática de lavagem de dinheiro, entre outros possíveis crimes.

Trecho da nota divulgada pela Vai de Bet no anúncio da rescisão diz: "a marca avalia que não se pode manter a parceria enquanto pairar sobre o acordo qualquer suspeita em relação a condutas que fujam à conformidade com a ética e os preceitos legais".

O compromisso firmado entre o clube e a casa de apostas previa que quem rescindisse o contrato sem justa causa ou motivasse a rescisão ficaria sujeito à multa de 10% do valor total do acordo, calculada proporcionalmente ao tempo não cumprido.

Assinado no início de janeiro, o contrato valeria por três anos. A Vai de Bet desembolsaria R$ 370 milhões.

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Anticorrupção

O acordo também tinha um capítulo destinado a práticas anticorrupção. As partes se comprometeram a seguir as "Regras Anticorrupção Brasileiras".

Esse trecho serviu de apoio para a decisão da Vai de Bet de rescindir o compromisso.

Estratégia

Conforme apurou a coluna, o departamento jurídico do Corinthians entende que se o inquérito policial não mostrar o envolvimento de dirigentes do clube em eventuais crimes, o Alvinegro ganhará uma prova robusta para cobrar multa da Vai de Bet.

A avaliação é de que ficaria comprovado que a empresa rompeu o contrato sem justa causa. A cláusula anticorrupção teria sido utilizada de forma precipitada.

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Vale lembrar que a agremiação é tratada como vítima na investigação. Em junho, o Corinthians enviou notificação para a ex-parceira deixando claro discordar da rescisão.

Na oportunidade, o clube ainda cobrou cerca de R$ 6,3 milhões de um saldo que calcula ter a receber pelo contrato. O Alvinegro não recebeu resposta da empresa.

A coluna procurou Leonardo Pantaleão, diretor jurídico do Corinthians, mas ele preferiu não conceder entrevista.

Vai de Bet

Este colunista perguntou para a assessoria de imprensa da Vai de Bet porque a empresa não acionou o clube para cobrar multa por rompimento contratual, se argumenta que a responsabilidade foi do Corinthians.

A resposta foi dada nesta nota:

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"A VaideBet informa que tomará as medidas cabíveis dentro do prazo estabelecido e que, mesmo reconhecendo o direito da marca em exercer a cobrança da indenização pela rescisão contratual, prefere aguardar o decorrer do inquérito em curso na Polícia Civil de São Paulo".

A empresa não respondeu sobre a dívida que o Corinthians alega existir. No entanto, a coluna apurou que a Vai de Bet não concorda com a cobrança.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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