Justiça põe perito no Corinthians para garantir pagamento a agente
*Com Diego Garcia, colunista do UOL
A Justiça de São Paulo nomeou um administrador-depositário para assegurar a penhora de 20% do faturamento líquido mensal do Corinthians em favor da empresa do agente André Cury.
A nomeação do perito Ricardo Augusto Requena para a função faz parte da decisão proferida na última terça (30), que determinou a penhora de R$ 14.078.913,34 de diversas fontes de recursos em favor da Link Assessoria Esportiva e Propaganda. O Alvinegro pode recorrer.
Em seu despacho, o juiz Fábio Rogério Bojo Pellegrino já autorizou acesso do administrador-depostário aos livros, documentos e demais papéis do Corinthians para que ele possa apresentar uma forma de assegurar a penhora nas receitas do clube.
A medida vale até que sejam alcançados os cerca de R$ 14 milhões, desde que o valor total não seja atingido com outras constrições já determinadas, como penhora em conta.
Assim, o Corinthians passa a ter um auxiliar da Justiça atuando no clube para garantir o pagamento do débito.
A decisão deixa claro o poder que o perito terá. "O administrador-depositário será investido de todos os poderes que concernem à administração da atividade da executada, sobretudo poderes para recebimento de pagamentos, determinação do destino de recursos financeiros da executada, ordem de retenção de recebíveis, entre outros poderes de gestão econômico-financeira, servindo a presente decisão como ofício a ser apresentado junto às instituições financeiras, administradoras de cartões, corretoras, seguradoras, bolsas de valores, órgãos governamentais, credores, devedores e fornecedores da executada e outros que recebam, guardem ou paguem à executada", escreveu o magistrado.
"As quantias recebidas pelo administrador-depositário deverão ser entregues diretamente ao exequente (Link Assessoria), a fim de serem imputadas ao pagamento da dívida", completou o juiz.
O Corinthians deverá fornecer, mensalmente, todos os documentos contábeis, fiscais e financeiros ao administrador-depositário.
O perito foi intimado para responder se aceita a missão. Para o caso de aceite, o juiz já determinou a intervenção imediata do perito, com acompanhamento de oficial de Justiça, se necessário. A remuneração do administrador depositário será de 5% do valor arrecadado.
O faturamento líquido será calculado descontando-se de todo o rendimento mensal obtido pelo clube a quantia gasta com impostos.
O que diz o Corinthians
A coluna procurou o departamento de comunicação do Corinthians para saber a posição do clube sobre a decisão da Justiça e se a instituição irá recorrer. A resposta foi dada com a seguinte nota:
"O Corinthians está adotando atitudes jurídicas e financeiras para fazer os pagamentos das dívidas oriundas de anos anteriores".
A dívida
A empresa de Cury entrou na justiça contra a agremiação para cobrar, inicialmente, R$ 11.907.220,21, atualizados durante o processo. O valor é referente a direitos de imagem de ex-jogadores do clube, mas que deveriam ser pagos para a Link.
Na ação, a empresa alega que a dívida existia desde 2020. Em abril de 2023, durante a gestão de Duilio Monteiro Alves, foi feito um acordo para a quitação parcelada. A empresa de Cury, no entanto, alega que o novo compromisso não foi honrado.
Mesmo depois de entrar com a ação, Cury negociou com o Alvinegro. Empresário de Yuri Alberto, entre outros atletas, ele intermediou a contratação do técnico Ramón Díaz, por exemplo.
No processo, o agente é defendido por sua irmã, a advogada Adriana Cury Marduy Severini.
Reportagem
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