Polícia apura denúncia de ex-diretor do Corinthians sobre milícia digital
Em depoimento à Polícia Civil, nesta quinta (8), Rubens Gomes, o Rubão, ex-diretor de futebol do Corinthians, denunciou a existência de uma suposta milícia digital. Ela teria agido para prejudicar sua gestão.
Rubão entregou ao delegado Tiago Fernando Correia, da 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania, relatório feito por uma empresa apontando que ele teria sido atacado por perfis falsos em redes sociais. A denúncia será investigada pela polícia.
"Sofri muitos ataques nas redes sociais. Fiz um boletim de ocorrência, contratei uma empresa, que fez um levantamento mostrando que as ações partiram de uma milícia digital. Entreguei o relatório para a polícia", disse Rubão à coluna.
O levantamento entregue aos policiais não indica quem seriam os responsáveis pela suposta milícia.
O boletim de ocorrência foi registrado em 1 de março, no 52° Distrito Policial, próximo à sede do Corinthians. Rubão ainda era diretor na ocasião.
No documento, ele relatou ter recebido ataques em redes sociais com o objetivo de manchar sua reputação e jogar a torcida contra a gestão dele no clube.
Também de acordo com o que foi relatado no BO, uma empresa especializada em monitoramento de redes sociais constatou que perfis usados nos ataques são suspeitos de serem falsos. Isso porque eles não possuem seguidores, fotos e publicações postadas antes das ações contra Rubão.
O relato feito por ele no boletim de ocorrência também sustenta que o relatório vê indícios de uma ação orquestrada, com a contratação de uma empresa especializada na criação de perfis falsos. "Fora, Rubão" e "você fede à Série B" são alguns dos ataques citados.
Depoimento
A denúncia foi feita pelo ex- diretor em meio ao depoimento dele como testemunha no inquérito que apura os desdobramentos do pagamento de comissão no contrato entre Corinthians e Vai de Bet.
Na oitiva, Rubão confirmou a versão dada por ele em entrevistas de que ouviu de Augusto Melo que o contrato do Corinthians com a Vai de Bet tinha sido fechado sem intermediário.
O ex-diretor de futebol do Alvinegro repetiu que recebeu em sua casa de praia Augusto, em 27 de dezembro, antes de ele ser empossado na presidência do clube.
Na ocasião, o então presidente eleito do Corinthians teria dito para Rubão e outras pessoas que o patrocínio tinha sido fechado sem intermediários.
Segundo a versão do ex-diretor, naquele dia, Augusto recebeu uma ligação do cantor Gusttavo Lima. Em seguida, ele teria dito que fechou o maior patrocínio da história.
Rubão ainda declarou para a polícia que Augusto afirmou pra ele que Gusttavo Lima é um dos donos da Vai de Bet. À coluna, o ex-diretor de futebol confirmou ter dado estas declarações para a polícia.
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A coluna perguntou ao presidente do Corinthians, por meio de sua assessoria de imprensa, se ele confirma ter feito as declarações apontadas por Rubão. "A gente não vai comentar depoimentos que foram dados na polícia e que a gente não tem acesso", respondeu Augusto.
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Procurada, a Vai De Bet informou que Gusttavo Lima tem vínculo de caráter rigorosamente publicitário, não tendo qualquer participação na administração da empresa.
A investigação
O caso começou a ser investigado após a coluna de Juca Kfouri no UOL mostrar que, depois de receber R$ 1,4 milhão do Corinthians, a Rede Social Media Design transferiu cerca de R$ 1 milhão para a Neoway Soluções Integradas. Para a polícia, a Neoway é uma empresa de fachada.
Alex Cassundé, dono da Rede Social, afirmou em depoimento que pagou à Neoway pela implementação de um sistema de consultas veterinárias à distância, mas que o serviço nunca foi prestado.
Cassundé também sustentou que apresentou o contato da Vai de Bet para o clube, após busca pela internet, mas não participou da negociação do contrato. Ele disse ainda que não exigiu comissão. O pagamento teria sido oferecido ao empresário pela diretoria alvinegra.
O dono da Rede Social e o presidente do Corinthians negam irregularidades no pagamento de comissão. Cassundé foi ouvido como investigado. Por sua vez, Corinthians é tratado como vítima na investigação.
O caso policial desencadeou uma debandada de diretores e culminou com a rescisão contratual feita pelo site de apostas.
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