Cláusula usada por Vai de Bet ao rescindir agora pode proteger Corinthians
A cláusula anticorrupção usada pela Vai de Bet para amparar a sua rescisão contratual com o Corinthians agora pode proteger o clube. Isso em relação à ex-patrocinadora e à atual, a Esportes da Sorte.
A coluna apurou que o contrato de patrocínio entre Corinthians e o site de apostas parceiro do clube atualmente possui uma cláusula que obriga as partes a cumprirem as regras anticorrupção previstas na legislação brasileira. Ela foi elaborada nos moldes da cláusula de prevenção contra atos de corrupção existente no acordo com a Vai de Bet. O eventual não cumprimento dá a outra parte o direito de romper o trato com cobrança de multa.
Esportes da Sorte e e os donos da Vai de Bet estão entre os alvos da Operação Integration, deflagrada pela Polícia Civil. A ação policial investiga, entre outras possibilidades, possíveis práticas de lavagem de dinheiro.
A exigência de prevenção contra esse tipo de crime é citada nas cláusulas anticorrupção. As duas empresas negam terem cometido ilegalidades.
Dependendo dos desdobramentos das investigações, o Corinthians pode usar a cláusula anticorrupção para cobrar multa dos sites de apostas.
Porém, neste momento, não se fala no Parque São Jorge em iniciar um movimento nesta direção. O discurso interno é de aguardar o desenrolar das investigações antes de tomar uma atitude, evitando prejulgamento.
No caso da Esportes da Sorte houve conversa informal com gente da empresa sobre o caso, sem abalo no relacionamento.
No entanto, a existência da cláusula anticorrupção é um dos motivos que deram segurança para a diretoria corintiana seguir com a negociação para ter Memphis Depay, mesmo com a patrocinadora sendo alvo de uma investigação policial. O atacante está perto de ser anunciado como reforço corintiano.
Como mostrou este colunista, para pagar a maior parte da remuneração do holandês, o Corinthians planeja usar R$ 57 milhões reservados no acordo com a Esporte da Sorte para ao menos uma contratação.
Enquanto os dirigentes corintianos entravam na reta final da negociação com Depay, na última quinta (5), Darwin Henrique da Silva Filho, CEO da Esportes da Sorte, se entregava à polícia.
"Como representante do Esportes da Sorte, sempre colaborei com a atuação das autoridades e das investigações. Nossa atividade é lícita, já as organizações criminosas são difíceis de combater e acredito que isso deve ser separado", disse Darwin em carta aberta antes de se entregar à polícia de Pernambuco.
Vai de Bet
Em junho, a Vai de Bet anunciou que decidiu rescindir seu contrato com o Corinthians na esteira da investigação feita pela Polícia Civil sobre desdobramentos do pagamento de comissão por intermediação do acordo.
O inquérito policial investiga possível existência de crime de lavagem de dinheiro a partir de transferências feitas pela Rede Social Media Design para a Neoway Soluções Integradas.
A primeira estava sendo remunerada por aparecer no contrato como intermediária. Por sua vez, a segunda é descrita pela polícia como uma empresa fantasma. A Rede Social nega ter cometido crime. O Corinthians é tratado no inquérito como vítima.
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Quero receberTrecho da nota enviada pela Vai de Bet na ocasião diz o seguinte:
"A marca avalia que não se pode manter a parceria enquanto pairar sobre o acordo qualquer suspeita em relação a condutas que fujam à conformidade com a ética e os preceitos legais. Só a dúvida, no crivo ético da marca, já é suficiente para determinar a rescisão - que foi exercida pela VaideBet suscitando cláusulas do contrato que protegem direitos da marca nessa decisão".
Na última quarta (4), foi a vez de a empresa se posicionar sobre a nova ação policial, a Integration.
"A VaideBet informa que acompanha a operação da Polícia Civil e que se colocará plenamente à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos que forem solicitados quanto à atuação da empresa e de seus sócios. A marca, no entanto, ressalta que recebeu com surpresa o cumprimento do mandado de busca e apreensão realizado nesta quarta-feira, uma vez que desde o ano passado se prontificou em contribuir com as investigações", aponta parte do comunicado divulgado pelo site de apostas.
A empresa também afirmou que suas "atividades são pautadas pelo estrito cumprimento da legislação vigente".
O contrato entre a ex-patrocinadora e o Corinthians previa que quem motivasse a rescisão pagaria multa de 10% do valor total do contrato (R$ 370 milhões), calculada proporcionalmente ao tempo de contrato não cumprido. A empresa, no entanto, não acionou a Justiça para cobrar a multa, preferindo esperar a investigação policial que envolve a intermediação do contrato.
O Corinthians sempre sustentou que não deu motivos para a rescisão e já falava em ir à Justiça contra a ex-parceira. Agora, dependendo do desfecho da nova operação policial, o clube poderá se proteger com a mesma cláusula citada pela ex-patrocinadora contra ele.
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