Corinthians: Gobbi ataca sugestão de suspensão de pedido de impeachment
Em depoimento à coluna, Mário Gobbi, ex-presidente do Corinthians, criticou recomendação da Comissão de Ética e Disciplina do Conselho Deliberativo (CD) do Corinthians. O colegiado recomendou a suspensão da análise do pedido de impeachment do presidente do clube, Augusto Melo. Isso até a Polícia Civil concluir inquérito sobre desdobramentos do pagamento de comissão por intermediação do contrato de patrocínio entre o Alvinegro e a Vai de Bet.
Um dos signatários do pedido de destituição de Augusto, o ex-dirigente declarou que a comissão não cumpriu seu dever. Confira o depoimento de Gobbi na íntegra:
"O Tribunal de Ética não cumpriu o seu dever estatutário. Com efeito, o requerimento não tratava de crime ou crimes, mas tão somente de irregularidades administrativas previstas no Estatuto Social do clube, que também, eventualmente, podem ser considerados, além de ilícitos administrativos, infrações penais.
As infrações penais cabem ao Estado-Polícia Civil/Ministério Público apurarem.
Já as infrações administrativas, privativamente, ao Conselho Deliberativo, ouvido o Tribunal de Ética.
Assim, o Tribunal nada tem a esperar a decisão policial, pois sua atribuição se restringe somente ao âmbito administrativo.
O que ocorre no Corinthians, Perrone, é que os sócios digladiam por cargos e postos, com os maiores poderes, e, após assumirem, não conseguem desempenhar o poder decorrente da empreitada.
Essa posição do Tribunal de Ética foi o 'lavar as mãos'. Com as exceções de estilo, não possuem a liturgia do cargo para o qual foram guindados. Concluindo, irrelevante a conclusão do apuratório penal".
A coluna procurou Roberson de Medeiros, vice do CD e presidente da Comissão de Ética para que ele comentasse as declarações de Gobbi. A resposta foi que a comissão não se manifestaria.
A ideia do colegiado é retomar a análise sobre o pedido de destituição ou arquivá-lo conforme a conclusão do inquérito policial.
O entendimento foi o de que é impossível determinar se o presidente cometeu irregularidades estatutárias que tenham alguma relação com o caso Vai de Bet sem a conclusão do trabalho policial
O presidente do CD, Romeu Tuma Júnior, vai marcar uma reunião do órgão para os conselheiros analisarem o parecer da comissão. Ele deve colocar em votação se a recomendação do colegiado será aceita. Neste pleito, o Conselho pode se posicionar a favor do impeachment, rejeitando a recomendação da comissão. Nesta hipótese, em seguida, a destituição teria que ser aprovada pelos sócios para ser efetivada.
O pedido de impeachment cita o caso Vai de Bet e aponta que Augusto teria desrespeitado o estatuto do Corinthians com sua atuação no episódio.
Teria havido, por exemplo, omissão do dirigente ao ser avisado pelo segundo vice, Armando Mendonça, sobre suspeitas em relação à intermediadora do contrato, a Rede Social Media Design, que atuou na campanha de Augusto.
O requerimento sustenta que a postura do presidente contribuiu para a Vai de Bet rescindir o contrato e gerou prejuízo ao clube.
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Quero receberO estatuto corintiano indica que entre os motivos para ser requerida a destituição do dirigente está o fato de ele causar, por ação ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do clube.
Augusto diz que não feriu o estatuto e sustenta que não houve irregularidade na intermediação do contrato de patrocínio.
A 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) abriu inquérito para apurar, entre outros eventuais crimes, a possível prática de lavagem de dinheiro.
A investigação começou depois de Juca Kfouri, colunista do UOL, revelar que a intermediadora do negócio, a Rede Social Media Design, fez transferências de dinheiro para a Neoway Soluções Integradas, que seria uma empresa de fachada.
As movimentações financeiras ocorreram após a intermediária receber parte da comissão a ser paga pelo Corinthians. Alex Cassundé, dono da Rede Social, nega que houve lavagem de dinheiro. Ele disse à polícia que fez o contato inicial com a Vai de Bet, mas não participou da negociação. O empresário receberia R$ 25,2 milhões de comissão.
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