Corinthians: Rubão cobra direção por camarote alugado após alerta de risco
Rubens Gomes, ex-diretor de futebol do Corinthians, protocolou requerimento no Conselho Deliberativo (CD) do clube pedindo explicações da diretoria. Um dos alvos de esclarecimentos é um camarote usado pela GCS Intermediação de Negócios, Consultoria Veicular e Alimentícia.
Como mostrou a coluna, o espaço foi utilizado, sem contrato e com inadimplência, mesmo após o departamento jurídico e a área de compliance apontarem existir risco financeiro para o clube. A negociação envolveu a Vai de Bet.
Rubão também solicitou explicações sobre problemas relacionados à venda de ingressos apontados por reportagem da "Gazeta Esportiva" (leia todas as perguntas feitas pelo conselheiro ao final do post).
A coluna apurou que na última quinta (19), Romeu Tuma Júnior, presidente do CD, encaminhou os questionamentos do ex-diretor para a diretoria e para a Comissão de Justiça do conselho.
Além das respostas, Tuma pediu que a direção marque uma data para que o ex-diretor e a comissão possam examinar documentos referentes aos assuntos abordados.
Em contato com a coluna, o presidente do CD confirmou ter recebido o requerimento e repassado o documento para a diretoria e a Comissão de Justiça. No entanto, ele disse que não entraria em detalhes.
Por sua vez, o departamento de comunicação do Alvinegro disse que a diretoria ainda não havia sido notificada oficialmente sobre o requerimento, por isso não poderia se posicionar.
"Eu já tinha feito um requerimento em maio sobre os ingressos do Fiel Torcedor. Os sócios não estavam conseguindo comprar. A resposta foi que estava tudo normal. Hoje, está comprovado que não está", afirmou Rubão ao ser indagado sobre o pedido de esclarecimentos.
O ex-diretor foi o principal articulador da campanha de Augusto Melo à presidência, mas se desentendeu com o presidente e virou seu opositor.
Relembre o caso
E-mails obtidos pela coluna registram que a Vai de Bet, ex-parceira do clube, se prontificou a pagar pelo camarote para a GCS usá-lo. A negociação começou com valor inferior ao preço de tabela, mas depois o preço subiu.
Segundo fonte no clube, a Vai de Bet pagou de maneira retroativa pelo uso do espaço de abril até o sétimo mês de 2024. A partir disso, a quitação passou a ser de responsabilidade da GCS, mas os aluguéis de agosto a novembro ainda não tinham sido pagos pelo menos até o início de dezembro.
Questionamentos
Confira as 12 perguntas feitas por Rubão no requerimento, datado da última quarta (18).
1 - Por que o clube aceitou negociar o camarote 503 da Neo Química Arena para a empresa GCS Intermediação de Negócios, Consultoria Veicular e Alimentícia, aceitando o pagamento parcial deste camarote pela empresa de apostas Vai de Bet, como traz a matéria do UOL? Além de a prática ter sido corretamente apontada pelo compliance como arriscada para o clube, pelas suspeitas que levanta de lavagem de dinheiro, tem-se agora conhecimento de que o valor começou a ser negociado bem abaixo do praticado pelo clube uma vez que o camarote [tenha] sido utilizado até 24 de novembro pela supracitada GCS e, pelo que se soube, com dívida ainda em aberto. Isso procede? Quanto foi pago? Por quem? Gostaríamos de ter acesso a este contrato e aos documentos trocados no processo de consulta ao departamento de compliance.
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OLHAR APURADO
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Quero receber2 - Que seja apurada qual é a razão pela qual o clube tem liberado, de forma gratuita, sem qualquer identificação de usuários, um volume gigantesco de ingressos referentes aos camarotes corporativos, sendo, só no jogo contra o Bahia, conforme reportagem da "Gazeta Esportiva", não negada pelo clube, mais de 400 ingressos, apresentando a lista de "contemplados". É preciso que se informe também quem opera os logins "Marketing" e "Comercial", que distribuíram esses ingressos e quais critérios foram seguidos para essa distribuição.
3 - Que sejam explicados por que os ingressos destinados aos resgates do aplicativo Universo SCCP estão recebendo outro uso, sendo que menos da metade dessas entradas para o jogo contra o Bahia foi efetivamente resgatada por usuários do aplicativo, conforme reportado pela Gazeta Esportiva. Além disso, que se apresente a lista de ingressos distribuídos através deste login Universo SCCP e sua destinação, em todos os jogos da arena.
4 - Que o clube explique o que decidiu fazer com relação à ordem dada de desativar a [ferramenta] API, que não possibilitou identificar que cerca de 32% dos compradores de ingressos prioritários como sócios não eram nem sócios do clube, nem membros do programa Fiel Torcedor e que seja informado o nome do responsável por autorizar a inclusão desses nomes como usuários de forma manual no sistema.
5 - Que o clube explique, de uma vez por todas, por que apenas cerca de 50% dos assentos (cerca de 22 mil ingressos) da Neo Química Arena são disponibilizados no programa Fiel Torcedor, uma vez que essa prática esvazia a atratividade do programa, cujo principal foco é a oportunidade de adquirir o ingresso através da fidelização. É mandatório que se explique também para quem vão esses ingressos distribuídos fora do plano FT.
6 - Como o clube pretende resolver a inadimplência nos planos Minha Torcida, em que mais de 14 mil pessoas constam como inadimplentes por não pagar o valor da anuidade de R$ 30, mas ainda dispõem dos privilégios de compra deste plano do Fiel Torcedor e qual a razão de seus cartões seguirem ativos, sendo que com os demais planos do programa isso não ocorre.
7 - Qual o destino dos mais de 1.000 ingressos que estão sendo distribuídos todos os jogos na arena fora do plano minha torcida, referentes ao setor Norte, que antes eram disponibilizados para os Planos Minha Vida e Minha História do Fiel Torcedor, sendo que a reportagem da Gazeta Esportiva cita membros de torcidas organizadas e até funcionários do clube como contemplados?
8 - Como o clube explica o enorme número de ingressos distribuídos como cortesia ou com valor do desconto de Fiel Torcedor fora do programa Fiel Torcedor pelos logins Arrecadação e Operação nos setores sul, leste e oeste, que são milhares?
9 - Como o clube explica o péssimo desempenho do programa Fiel Torcedor, que caiu vertiginosamente entre 2022 e 2024, registrando apenas 76,9 mil adimplentes à altura da semifinal da Copa do Brasil deste ano, ante 153 mil (2022)?
10 - Que o clube esclareça, de uma vez por todas, por que o departamento de comunicação consente que se publique números irrisórios do Fiel Torcedor. Na sua matéria, a Gazeta Esportiva informou 76,9 mil adimplentes, o que já seria pouco, mas há matérias comparativas dos programas de outros clubes que replicam o número de 43 mil sócios adimplentes, fazendo com que o programa seja exposto como desastroso. O principal exemplo é a matéria de 13 de dezembro do "GE" que afirma que o clube não quis informar o total de adimplentes, repetindo assim dado do início do ano. Por essa razão, o Corinthians apareceu 14° lugar, o que gerou comentários de colunistas, como Paulo Vinicius Coelho [no UOL], aparência de sabotagem e enorme incômodo de uma torcida que bateu todos os recordes de comparecimento na temporada de 2024. Em suma, qual foi o número total de adimplentes habilitados para comprar ingressos no último jogo da temporada?
11 - Que o clube esclareça qual é o valor total da dívida do estabelecimento Fielzone [camarote comercial] com o Corinthians, que a reportagem da "Gazeta Esportiva", não negada pelo clube nem pelo estabelecimento, diz ser da ordem de 2,5 milhões de reais, e por qual motivo houve esse acordo, se o próprio estabelecimento em matéria jornalística no veículo "O Globo", divulgada pelo próprio estabelecimento, informou que faturaria cerca de 20 milhões de reais somente no evento da NFL, além de possuir camarotes em diversas arenas do país e ainda ter divulgado a intenção de fazer doações de 6 parcelas de 10 mil reais para a campanha de quitação da arena. Não me parece que o estabelecimento seja desprovido da capacidade financeira de arcar com seus compromissos; se ele dispõe de quantia para doar para a arena, deveria também cumprir com seus compromissos, que certamente geram perdas para o clube com juros e multas bastante superiores a este valor, usado como marketing ao divulgar a doação.
12 - Que o clube explique por qual motivo mais que dobrou o número de ingressos por jogo disponibilizados do setor Oeste inferior para o Fielzone poder comercializar de 300 para 1.000, mesmo com esta dívida enorme, e mesmo que retirando esse número enorme de 700 ingressos dos planos do Fiel Torcedor, que já não conseguem mais ser atendidos nesse setor".
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