Por que executivo que chegou para ser CEO 'sumiu' do Corinthians em 2025

Em vez do trabalho presencial diário, o executivo mantém contato remoto com a equipe de sua empresa, a Alvarez & Marsal, que segue indo ao clube. Seu estafe presta consultoria na área financeira, fazendo diagnósticos e indicando caminhos para a diretoria decidir se segue ou não.

Futuras idas do executivo ao clube acontecerão em casos de necessidades específicas. Apesar do distanciamento físico, não houve rompimento entre o profissional e Augusto.

Desde que chegou ao Corinthians, o executivo enfrentou os efeitos da turbulência política no Parque São Jorge. Os problemas começaram antes mesmo de ele assinar contrato. Conselheiros apontaram que não havia no estatuto a previsão do cargo de CEO no Parque São Jorge e pressionaram a diretoria por uma mudança no acordo.

Augusto, que atualmente encara um processo de impeachment, já lidava com pressões de conselheiros.

Acabou sendo assinado um contrato de consultoria entre Alvarez & Marsal e Corinthians, com Fred como representante da empresa. Oficialmente, ele seria consultor, mas, na prática, atuaria como CEO.

Inicialmente, o profissional trabalharia exclusivamente no clube. No entanto, com menos atribuições na agremiação, agora ele está liberado para também exercer atividades em sua empresa.

A falta de poder de decisão e as dificuldades para desenvolver seus projetos originais ajudaram a transformar em coadjuvante o personagem que seria protagonista na vida administrativa corintiana. Um dos grandes embates perdidos por Luz foi não ter o seu plano de recuperação financeira integralmente adotado pela diretoria.

Ele não foi ouvido em sua recomendação para que o Alvinegro pedisse na Justiça uma tutela cautelar para suspender bloqueios e penhoras em suas contas. Em seguida, seria feita uma mediação com os credores em busca de acordos para parcelamentos.

Só que essa medida não era bem vista por conselheiros influentes. Eles enxergavam nela uma manobra preparatória para um pedido de recuperação judicial.

A diretoria, que já estava em pé de guerra com parte do Conselho Deliberativo, pediu ajuda ao CD. O órgão montou uma comissão que recomendou um pedido de RCE (Regime Centralizado de Execuções). A sugestão foi aceita, e o plano de Fred não saiu do papel.

De acordo com a apuração da coluna, o executivo também não conseguiu implementar todos os cortes de custos que planejou em busca de melhorar a situação financeira do Corinthians.

Fred defendia ainda um aumento no preço dos ingressos nos jogos do time como mandante já no ano passado. Em sua avaliação é preciso aumentar a receita do clube nas partidas em Itaquera.

O Corinthians chegou a anunciar um reajuste nos preços das entradas para a semifinal da Copa do Brasil de 2024, contra o Flamengo, mas retomou os valores anteriores após protestos da torcida.

Assim, aos poucos, o quase CEO viu suas ideias para recuperar financeiramente o Corinthians perderem força. O entusiasmo com a possibilidade de ajudar o Alvinegro a dar uma guinada foi substituído pela frustração.

Silêncio

Luz e a assessoria de imprensa do presidente corintiano não responderam aos questionamentos da coluna sobre os temas abordados nesta reportagem até a conclusão deste post. O espaço segue aberto para suas manifestações.

Em entrevista ao Zona Mista do Hernan, em dezembro, Augusto disse o seguinte sobre a situação de Fred:

"O contrato que nós acabamos refazendo com ele é de consultoria e ele também prefere dessa forma, porque ele tem uma grande empresa que presta consultoria a nível mundial e tem suas necessidades também. Ele tem uma consultoria financeira, que para nós está caminhando muito bem e também é o suficiente para gente. Ele tem seus tempos esporádicos que ele pode também prestar o trabalho dele, que está caminhando super bem. A grande estruturação já está praticamente no meio caminho para frente, então está mais controlada. Então é mais fácil para ele controlar dessa forma, mesmo porque ele vai ter a equipe dele dentro do financeiro nos ajudando na estruturação".